O CURA DE ARS
Muito diletos amigos,
Recordamos hoje a Festa do Santo
Cura de Ars, S. João Maria Vianney, um santo que praticamente durante 40 anos tornou
uma das últimas paróquias da França um exemplo de piedade, de devoção, de
modéstia, de respeito aos domingos e dias santificados.
Nosso Santo, vencidas as dificuldades
no Seminário e finalmente ordenado padre, fica aos cuidados do único sacerdote
que acreditava realmente em sua vocação e durante três anos não tem licença
para confessar, uma vez que se julgava que o nosso Santo, grande confessor num
futuro breve, era ignorante para orientar almas.
Ambos sacerdotes em santa
emulação maceravam seus corpos com duras penitências e jejuns ao ponto de a
cozinheira e depois os próprios paroquianos foram ao Bispo reclamar que seus
padres simplesmente não comiam. O Bispo despediu a ambos chamando-os de “afortunados
por terem sacerdotes que faziam penitência pelos pecados de seus fiéis.”
Quando da morte do seu mestre,
Pe. Balley, o Pe. Vianney é enviado para Ars, um vilarejo desconhecido nos
confins da diocese. Ali o Santo combate três grandes males, a indiferença
religiosa, a falta de modéstia, o trabalho aos domingos.
Estamos na França após a
Revolução Francesa, o próprio menino João Maria Vianney fez sua primeira
comunhão numa “missa clandestina” celebrada por um padre não juramentado num
celeiro. E a Revolução tinha espalhado o indiferentismo religioso. O Santo
Sacerdote começa a organizar sua paróquia
como um modelo de piedade, horas no Confessionário, mesmo que sem
ninguém, reformas materiais, aquisição de objetos de culto etc. Porém, o
indiferentismo religioso era alimentado pela falta de modéstia, de castidade, especialmente
provocadas pelos bailes. Quem dançava num baile não tinha cara de ir na Igreja
depois.
O Santo Sacerdote lança todas as
armas contra os bailes: prega, exconjura, ameaça e – com aquele sentido prático
de um camponês, intercepta o instrumentista do baile na estrada, oferece-lhe o
dobro do dinheiro que ganharia no baile para ir embora dali mesmo, e ele
aceita.
Sem instrumentista, sem música,
sem música, sem baile, sem dança. Pronto.
As moças primeiro vão deixando de
frequentar, e depois os rapazes que não tendo as moças, não iriam dançar entre
si...
Claro que esses rapazes e outros
insatisfeitos não deixariam barato o fim de seus pecaminosos divertimentos e,
tendo uma infeliz ficado grávida sem ser casada, acusaram o Santo Sacerdote de
ser o pai!
Nesses tempos também o demônio já
usava de suas artimanhas para tentar parar nosso Santo. O medo de ser
condenado, o temor de ofender a Deus em qualquer coisa, e mesmo o ataque
direto, chegando a cravar unhas nas paredes da casa, o que levou o Cura de Ars
a apelidar o diabo de “ancinho”. Temendo que fosse um ladrão que pudesse
invadir a casa, pediu que alguns jovens passassem a noite na casa paroquial. Ao
verem os móveis se revirando, fogo surgindo em vários lugares, os arranhões da
parede, gritos em vozes infernais, os jovens saíram correndo enquanto que o
Cura com tranquilidade tentou dizer-lhes que “era só o diabo”.
Ars era uma paróquia de
camponeses, nos tempos de colheita ou semeadura muitos deixavam de ir à Missa
para cuidar dos campos. Outra batalha e outra vitória. Pela mesma época também
a Santíssima Virgem aparecerá em La Salete reprovando a mesma falta de respeito
para com o dia do Senhor que não apenas não fará o trabalho render, como que
estragaria os bons frutos que se poderiam colher.
Mas a castidade não fora
esquecida pelo Santo Cura que, sabendo como é mais fácil incutir nas meninas o
amor pela pureza, criou a Providence, Providência, uma escola para meninas,
onde lhes eram incutidos por piedosas senhoras os valores de mulher e mãe
cristã.
No fim da vida sua vida era
apenas o altar e o confessionário, o dinheiro que lhe caía nas mãos ia para as
obras da Igreja ou para a Providence. Ele mesmo desenhou um ostensório que foi
encomendado em Paris. Seus paramentos e esse ostensório eram de tal valor,
bordados e feitos com ouro que o Santo Cura, já velho parecia mais ser levado
pelo Senhor nas Procissões de Corpus Domini, do que leva-l’O.
Mesmo a presença de outros
sacerdotes para o auxiliar não diminuía seu incansável trabalho, morrendo
esgotado após chorar copiosamente ao ouvir os sinos de sua Igreja
anunciando-lhe que ia ao seu encontro o Santíssimo Sacramento e dizendo: “Ah,
como é triste comungar pela última vez!”
Celebrando hoje S. João Maria
Vianney, rezemos de um modo especial pelos padres, para que sigam esse grande
modelo de sacerdote totalmente imerso no Coração de Jesus.
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