FAZER O BEM
Meus caros amigos,
Nesse décimo primeiro domingo após o Pentecostes nos
encontramos com o Apóstolo S. Paulo que, revê a sua vida à luz da graça de
Deus. Nessa perspectiva, que deve ser sempre a nossa, o reconhecimento de sua
indignidade, de seus pecados, de suas maldades, não conduz ao desespero, mas ao
reconhecimento de que a graça de Deus pode absolutamente muito mais.
Desse modo, quanto mais baixo se tenha chegado, tanto mais
se reconhece agradecidamente o quanto Deus, pela graça nos elevou.
E é essa percepção de que a graça de Deus agiu e age em nós,
que nos leva a fazer com que essa graça não seja inútil. De que possamos agir
sempre em conformidade com a graça do Senhor, e, se assim fizermos, tal como
Nosso Senhor, passaremos fazendo o bem.
Quando se está em Paris, na Rua de Sèvres, encontramos a
Igreja que guarda numa belíssima urna o corpo de S. Vicente de Paulo, sobre ele
está escrito exatamente essa frase: “passou fazendo o bem”. E que bem! São
Vicente, cuja festa celebramos há algumas semanas, se ocupou da formação do
clero, do cuidado dos pobres, do acolhimento de crianças rejeitadas, do
atendimento espiritual dos que eram condenados a trabalhar nas galeras, foi
pároco, foi ministro da caridade na França, era confessor de reis e nobres,
fundou duas congregações religiosas uma para o cuidado dos pobres e outra para
pregarem missões etc...
A graça de Deus nos é dada para isso, para fazermos o bem.
Mas que bem?
A oração, os nossos deveres de estado, o nosso trabalho e a
caridade. Não podemos fazer um surdo-mudo voltar a falar e ouvir, mas podemos, certamente
podemos, aliviar o sofrimento de todos os que estão em nossa vida.
Nosso Senhor é Deus, Ele operava os milagres. Nós,
obviamente somos limitados, mas será que não podemos visitar alguém doente ou
preso? Será que não podemos dar de comer a quem esteja com fome? Será que não podemos
dar bom conselho ou instruir alguém que não sabe o que é certo?
Quantos dias, meus amigos, passam em nossas vidas em que
podemos nos recolher sem ter feito nenhum mal, mas também sem termos feito
nenhum bem...
No capítulo XXV de S. Matheus, a condenação ao inferno não
se dá porque se retirou o alimento do pobre, mas porque não se lhe deu.
Como é belo e verdadeiro o reconhecimento de S. Paulo que a
graça de Deus não foi inútil nele. Mas, e em nós?
Meus bons amigos, cada oportunidade de fazer o bem é também
uma graça. Uma graça atual que nos é oferecida e que nunca sabemos se voltará.
Quantas grandes histórias nasceram de um momento fortuito em que alguém soube
simplesmente passar fazendo o bem...
Que pela intercessão da Santíssima Virgem, saibamos correr
apressadamente para fazer todo o bem que pudermos, mesmo que pareça pouco. Deus
o vê. E jamais esquecerá.
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