MEDIANEIRA

 

Creio firmemente que Nossa Senhora é medianeira de todas as graças, e com isso tenho, por exemplo, a companhia de S. Bernardo e inúmeros outros santos. É preciso distinguir entre medianeira de todas as graças e medianeira das graças.

A mediação das graças, é algo relativamente comum e que a Igreja nunca contradisse. Mas a mediação universal ou a mediação de todas as graças, é um ponto teológico em aberto, de modo que nem quem crê nem quem não crê poderia ser considerado herege.

 

A mediação das graças consiste em crer que desde a Redenção todas as graças nos vêm por Maria, a mediação universal consiste em crer que, mesmo antes da Redenção, todas, absolutamente todas, as graças nos chegaram, chegam e chegarão por ela.

 

Por Ela não significa dizer que Ela precisasse existir desde toda eternidade, o que seria um grave erro; mas que, desde toda eternidade, Deus só concedeu em graça tendo em conta a Encarnação do Seu Filho, e, portanto, tendo em conta Maria Santíssima.

 

Isso é absolutamente razoável, ou mesmo necessário. Mas não é um dogma, portanto os fiéis ainda podem crer ou não nessa premissa. Mas, como já disse antes, os que não crerem não são hereges, nem os que crerem.

 

Mesmo o Concílio Vaticano II falou da mediação de Maria no capítulo VIII da Lumens Gentium, fazendo a ressalva de que essa mediação depende e em nada diminuiu a mediação universal de Cristo, uma ressalva, permitam-me dizer, totalmente desnecessária para um fiel católico, e que recorda os “devotos escrupulosos” de que fala S. Luis Maria de Montfort.

 

Em revelações privadas, mesmo que não se seja obrigado a crer nelas, particularmente em Cimbres, no Brasil, Nossa Senhora não rejeitou o título de Medianeira de todas as Graças, respondendo afirmativamente se era ou não.

 

A mediação universal das graças de Nossa Senhora, poderia ser comparada à mãe que trabalhando unicamente nos afazeres domésticos, prepara para seus filhos uma refeição: tudo que está na mesa só foi comprado porque o pai trabalha, mas foi a mãe que preparou e dispensou o que recebeu diretamente do pai.

 

E o pai, por meio de quem se ter tudo o que está na mesa, se compraz em ver os filhos elogiando a destreza da mãe que preparou tão bem aquela refeição.

 

Imaginemos se a cada elogio feito ao tempero da mãe, o pai dissesse: mas fui eu que dei o dinheiro para comprar! Que grosseria! É possível pensar isso em Deus?

 

Certa vez vi num seriado um personagem que dizia que sua esposa já falecida, enquanto estava no ensino secundário, escrevia poemas sobre ele debaixo de uma determinada árvore. Quando lhe perguntaram se já se conheciam na época dos estudos secundários, ele disse que não. Que ela escrevia poemas sobre ele (o homem que amaria), mesmo sem o conhecer ainda.

Há noivos que procurando um local para morar já deixam reservado um bom quarto para os filhos que um dia virão, pensam no quintal que eles brincarão etc...

Se até um ser humano pode amar quem ainda está por vir, quanto mais Deus, diante de Quem não existe passado nem futuro.

 

Assim, meus irmãos, recorramos à Santíssima Virgem, Medianeira de todas as Graças, pedindo-lhe as graças de que necessitamos pessoalmente e que o mundo necessita, peçamos particularmente a paz, para nós e para todo o mundo.

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