BLASFÊMIA

 

Meus prezados amigos,

A abertura dos jogos olímpicos ontem em Paris foi, a meu ver, o maior culto satânico sobre a face da terra. Não só pela quantidade de pessoas envolvidas, pessoas presentes, e pessoas que acompanharam pelos meios de comunicação, mas também pela gravidade dos atos.

Em primeiro lugar a blasfêmia da desordem. Deus criou a ordem do universo, e o homem foi posto como guardião dessa ordem. As grandes cerimônias públicas, mesmo as de ordem puramente civis, sempre zelaram pela ordem. Desfiles organizados por ordens determinadas de dignidade, de posições, as bandeiras como símbolos de respeito, o modo dos que desfilam também com garbo e ordem.

Ao seguirem em barcos de restaurante, muitas delegações estavam “animadas” o que atualmente é sinônimo de histéricas.

Uma parte da cerimônia aqui, outra acolá, focos aleatórios de luzes, as apresentações segmentadas, tudo em absoluta desordem.

A aversão a ordem é, no fundo, uma aversão a Deus. A desordem, a espontaneidade sem limites, a histeria não são uma cultura, mas uma anti-cultura e sobretudo uma anti-cultura cristã.

Em segundo lugar, a blasfêmia do desprezo da vida humana. A vida humana e o que ela contém, como por exemplo, a própria sexualidade como homem e mulher é sempre um dom do Senhor. Não se pode tolerar um assassinato, seja o da Rainha Mártir Maria Antonieta, do qual se fez piada, e, menos ainda, o aborto que é o pior dos assassinatos. A exaltação da morte de Maria Antonieta, das mortes provocadas pela Revolução Francesa, sempre presente no próprio “mascote” das Olimpíadas, a exigência do direito ao aborto. São também blasfêmias contra o Deus da vida.

A presença constante de pessoas travestidas, a representação de atos imorais, o envolvimento de crianças em tudo isso... não se pode pensar que esse caminho não seja um caminho de destruição do próprio homem.

E, em terceiro lugar, as blasfêmias contra Deus mesmo. Inúmeras. Incluindo a paródia da última ceia. A última ceia foi a aniquilação máxima de Nosso Senhor Jesus Cristo, antecipando o sacrifício da Cruz instituindo o Santo Sacrifício da Missa. Sobre a Mesa da última ceia antecipou-se a Paixão de Cristo e aquela mesa se tornou o sinal mais eloquente da humildade de Deus. E o que faz o homem (?) sobre essa mesa? Pisa, dança, despreza, ri zombeteiramente.

Máximo sacrilégio. Máxima blasfêmia.

A França em geral e Paris em particular se não forem terra santa, são pelo menos terra de santos. A mesma Paris de S. Dionísio, de S. Luís, de S. Vicente de Paulo, de S. Luiza de Marillac, de S. Catarina Labouré e da própria Nossa Senhora das Graças se mostrou ao mundo não como uma cidade sem Deus, mas uma cidade contra Deus.

Talvez nunca houve um ato em tais proporções que zombasse de Deus e da Fé Católica, da mesma Fé que fez a França e fez a Europa.

O que isso exige de nós: reparação.

Reparar com tanto mais amor quanto foi ofendido o Coração de Jesus e Maria. Reparar particularmente o Santíssimo Sacramento parodiado numa pista de impureza e blasfêmia.

E também não ousarmos questionar a Deus quando o castigo por tais ações vier. 

Porque virá.

Termino tomando como minhas as Palavras de S. Pio X à nação francesa no dia 29 de Novembro de 1911, em um de seus documentos pontifícios [alocução consistorial “Vi ringrazio”, Acta Apostolicae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, Roma, 1911, p. 657]:

Dia virá, e esperamos que não esteja muito distante, em que a França, como Saulo no caminho de Damasco, será envolta por uma luz celeste e ouvirá uma voz que lhe dirá novamente: ‘Minha filha, por que me persegues?’ E à resposta: ‘Quem és tu, Senhor?’, a voz replicará: ‘Sou Jesus, a Quem persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te arruínas a ti mesma’’. E ela, trêmula e atônita, dirá: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ E Ele: ‘Levanta-te, lava as manchas que te desfiguraram, desperta em teu seio os sentimento adormecidos e o pacto de nossa aliança, e vai, filha primogênita da Igreja, nação predestinada, vaso de eleição, vai levar, como no passado, meu nome diante de todos os povos e de todos os reis da terra”.

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