NOSSA SENHORA DAS LÁGRIMAS

 Meus prezados amigos,

Por onde ando, especialmente na internet, me deparo com a devoção à Santíssima Virgem sob o título de Nossa Senhora das Lágrimas e, conjuntamente a imagem e jaculatórias à Jesus manietado.

Gostaria de propôr algumas considerações.

Essa devoção tem sua origem num ciclo de aparições de Jesus e Maria à uma religiosa, Irmã Amália, na qual se verificam também a existência de outros fenômenos místicos extraordinários.

A devoção em si mesma, é absolutamente compatível com a Santa Fé católica. Não há nela nenhum elemento que necessite ser verificado podendo, a meu ver, se comparar com a devoção ao Nome de Jesus.

É fato que a Santíssima Virgem sofreu e chorou na Paixão de Seu Filho, é de boa teologia católica compreender que mesmo antes de nascer a Virgem, concebida sem pecado, já reunia em si mais graças e méritos do que todos os anjos e todos os santos que existirão até a consumação dos séculos, de modo que cada ato perfeitíssimo de Maria só fazia aumentar o incomensurável; se assim para um simples ato, quanto mais para com a sua compaixão e suas consequentes lágrimas na Paixão de Cristo!

Isso, ainda que contido nas mensagens, não é um elemento que necessite de novas reflexões. Basta citar S. Bernardo ou S. Afonso para encontrar esse pensamento.

E o fato de que as mãos de Nosso Senhor foram atadas está relatado diretamente no Santo Evangelho.

Em se tratando de algo que está muito bem firmado na doutrina dos doutores, nas narrações do Evangelho e na piedade cristã, a devoção à Nossa Senhora das Lágrimas, e oração de sua coroa em nada se opõem à doutrina, sendo de grande proveito para as almas, como se pode perceber.

Quanto às revelações feitas à Irmã Amália e mesmo sobre sua própria pessoa, é lícito, e, a meu ver, recomendável que se dê fé, se venere e que se recorra à sua intercessão na forma própria da devoção privada.

Somente se há a devoção é que a Igreja pode estabelecer o culto, e não o contrário.

Porém, é muito pouco provável que a crise pela qual passa a Santa Igreja propicie da parte da Hierarquia o incentivo e mesmo as decisões necessárias para prover tais devoções.

Se há Bispos e "teólogos" que abertamente negam o valor expiatório da Paixão de Cristo, apresentando-a, na melhor das hipóteses, como um exemplo de resiliência, quanto mais se negará o poder das lágrimas de Maria.

Em famosos santuários pelo mundo sequer encontra-se o crucifixo!

Portanto, não esperem os fiéis, o que talvez seja alcançado apenas pela devoção ao Cristo manietado e às lágrimas de Maria: a restauração da fé católica na hierarquia.

Quanto à Irmã Amália, deve-se compreender que há santos "inconvenientes". Basta lembrar que Bento XVI anunciou a proclamação do Cura d'Ars como padroeiro de todos os padres, mas não o fez porque alguns o teriam aconselhado a que não seria um exemplo apropriado para os padres do século XXI...

Irmã Amália pode, na circunstância atual, ser um exemplo de filantropia, mas sua mística já não é mais aquela que encontra cidadania nos sacros palácios.

A devoção ao Cristo manietado foi a última devoção do Rei Luis XVI: pouco antes de ser guilhotinado, o carrasco quis amarrar as mãos do Rei. Ele se negou, dizendo não admitir esse ultraje à hora da morte, mas o sacerdote que acompanhava o Rei, disse-lhe que também Jesus tivera suas mãos amarradas. Ato contínuo, o Rei oferece suas mãos para serem amarradas para imitar a Nosso Senhor.

A devoção ao Cristo manietado é a devoção daqueles que sabem que nada podem fazer diante da Revolução, a não ser atarem-se às santas mãos do Salvador para permanecerem firmes até o fim.

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