DEGOLAÇÃO DE S. JOÃO

 Meus prezados amigos,

A nossa festa de hoje é a degolação de S. João Batista.

Se é que podemos falar de "processo" contra S. João, que o levou à prisão e à morte, em nenhuma vez é dito o nome Jesus, porém, se considerarmos que S. João Batista é um mártir, e é, a sua morte precisa por causa do Senhor.

S. João morre porque é fiel à verdade, ou melhor à Verdade, ou sendo mais claro ainda, por ser fiel àqu'Ele que disse de Si Mesmo: "Eu sou a Verdade". A verdade que leva João à prisão e a morte foi adultério de Herodes, que se unira indevidamente à Herodíades, esposa de seu irmão Filipe.

O Santo Evangelho narra que o Batista recomendava a cada um que se aproximava dele o que mais necessitava para não serem condenados e estarem dispostos ao Salvador que já estava por se manifestar. Aos cobradores de impostos, que não cobrassem mais do que era devido, aos soldados que não abusassem da força etc

Herodes, também passava, talvez não intencionalmente perto de João, e este não lhe poupava dizer: "Não te é lícito permanecer com a mulher de teu irmão!". Herodes embora ficasse embaraçado com essa verdade e não fizesse o que João dizia, Herodes "gostava de ouvir João".

Herodes é o patriarca dos covardes. É aquele morno que o Senhor vomita. É o que tenta equilibrar-se sobre duas canoas, e por isso, inexoravelmente cai.

Alguém contou certa vez que estava uma pessoa em cima do muro que divide o céu e o inferno. Deus, os anjos, os santos gritavam: "Anda, pula para o nosso lado!"; os demônios porém nada diziam e continuavam no seu trabalho de se atormentarem uns aos outros e aos condenados. A pessoa, curiosa, perguntou a um demônio por que o céu fazia tanto esforço para ela pular do muro e o inferno não dizia nada, o demônio então revelou: "Fomos nós que fizemos esse muro, quem está nele já é nosso!"

Assim foi com Herodes. Por desejo de sua adúltera, mete João no Cárcere. Quer calar a verdade.

Assim é como uma multidão imensa.

E chegou a hora de Herodes pular completamente do muro, mas na direção errada. O Evangelho dá a receita: gula, impureza e respeito humano: num banquete, após estar embriagado, a filha de Herodíades dança encantando a Herodes e aos presentes, e ele promete uma recompensa. Já não pensa direito pela gula, embriaguez e impureza, mas Herodíades está malevolamente sóbria: "Num prato, a cabeça de João".

E assim se faz. O rei sente, mas teme o que poderiam pensar os convivas... Respeito humano.

E eis num prato a cabeça do maior dentre os nascidos de mulher.

Meus amigos, dificilmente alguém tem um pecado, tem vários e eles se interligam por uma cadeia sombria, de modo que um puxa o outro, geralmente de algo menos grave para algo mais grave.

Qual é a receita de nossos pecados? Todos têm uma.

Aqui é importante pensar sobretudo na sensualidade, não apenas no que diz respeito ao VI e IX Mandamentos, mas compreendida como ensinava S. Teresa, como o desejo desordenado de servir às paixões, indo além do que é necessário para o corpo e fazendo do que deveria ser o meio, um fim. Precisamos descansar, mas o suficiente. Comer, mas o suficiente... e outras coisas, honestamente nem precisamos, não seria melhor abster-se delas?

A sensualidade aprisiona.

S. João Maria Batista Vianney, ao dedicar uma capela de sua Igreja Paroquial ao Precursor do Redentor, depois de já ter extirpado há anos os bailes da cidade de Ars, como uma pá de cal sobre esses eventos que tanto mal fazia às almas, especialmente às mulheres, mandou escrever sobre o altar: "Sua cabeça foi o preço de uma dança".

Meus amigos, é preciso termos cuidado. Às vezes é possível que uma coisa em si mesma não seja nem boa, nem ruim: um banquete, uma praia, um celular... mas não será isso o primeiro ingrediente de uma receita fatal para nossas almas?

Que S. João Batista, Precursor do Senhor no nascimento e na morte, interceda por nós, para que saibamos identificar as receitas de nossos pecados.

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