COMUNHÃO DE JOELHOS

 E a questão da jovem que queria comungar de joelhos?

Houve um tsunami, o oceano avançou até a minha casa. E eu estou muito triste porque existem algas no meu portão.

A questão da jovem que queria comungar de joelhos é a alga que cresceu no portão.

Precisamos ir à origem dessa questão que nos poucos segundos de um vídeo que “viralizou” aparece à exaustão e que são a causa do constrangimento passado pela jovem.

O primeiro problema é a afluência de pessoas, particularmente de mulheres, no presbitério. O presbitério é o santuário, o lugar reservado ao sacerdote que age como sacrificador da Vítima Divina, pode-se admitir que para o decoro da Missa, um ou outro fiel possa ter acesso à ele, para ajudar o sacerdote, mas é difícil considerar sagrado um local onde “todo mundo” vai.

O segundo problema é a centralidade da figura do celebrante. Depois de humilhar a jovem publicamente o celebrante se senta ao centro do presbitério, no local que antes ficava o sacrário, recordando quem é o verdadeiro Rei e Centro da vida da Igreja. Já que a própria posição que ocupa, dá ao celebrante a impressão de ser o “senhor” e não o “servo”, ele ainda volta uma segunda vez para continuar seu “diálogo e acolhida” com a jovem.

O terceiro problema é influência protestante na missa, manifestada no ato da comunhão sob as duas espécies. Embora o novo ritual da Missa o permita, não podemos esquecer que esse novo rito da missa foi inspirado pela teologia dos protestantes que participaram na confecção desse rito.

A comunhão sob duas espécies é em si mesma um abuso e um erro teológico. Ela faz com que os fiéis comunguem como o sacerdote, fazendo desaparecer a necessária distinção que deve haver entre o padre e os demais fiéis, e ainda dá a idéia de uma comunhão “mais completa” onde as aparências do pão e do vinho se tornam mais importantes que a Presença do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo em cada uma das espécies e mesmo no menor de seus fragmentos.

Daqui surge o quarto problema que é a comunhão recebida de pé. Ora, na Missa Tradicional somente o celebrante comunga de pé. Todos os demais, mesmo que sejam padres, bispos ou mesmo o Papa, se estão assistindo a Missa comungam de joelhos. A comunhão recebida de pé, quer igualar o sacerdote aos fiéis, destruindo a teologia do sacerdócio católico, tal como já falamos acima.

O quinto problema é a comunhão sob duas espécies dada nas mãos dos fiéis. O novo rito da Missa, de sabor protestante como já disse acima, incentiva a comunhão sob duas espécies e, por isso, descreve os modos de como a receber. Ao tratar do modo sob intinção (mergulhar a hóstia no cálice) fica expressamente proibida a comunhão na mão. Por razões óbvias, porque desse modo pode acontecer que o fiel molhe a mão e os dedos no Precioso Sangue de Nosso Senhor, e, se assim for, como se procederia à uma purificação? A pessoa ficaria lambendo os dedos e a mão? Curioso que o celebrante depois tenha afirmado que avisou que por causa da pandemia (alguém poderia dizer a ele que já estamos em 2023?) só daria a comunhão na mão, bem, nesse caso, ele não consideraria uma possível forma de contágio as lambidas que os fiéis teriam que fazer para purificar os dedos e a mão?

Por mais escandaloso que seja, a comunhão sob duas espécies só poderia ser dada na mão do fiel se este recebesse primeiro a Hóstia, e depois, ou bebendo diretamente do cálice ou fazendo uso de uma cânula (colher) recebesse o precioso Sangue.

Há um sexto problema que é a trilha sonora da cena de terror. Nela alguém canta: “Vem dar-nos teu Filho, Senhor, sustento no pão e no vinho...” Aqui, podemos verificar que a letra da música é inadequada em relação à fé católica, mas absolutamente correta com a teologia protestante. Não é correto que um católico se refira ao Santíssimo Sacramento como pão e vinho, nem dizer que Cristo vem no pão e no vinho. Isso é a doutrina da consubstanciação. Explico, para um protestante, dependendo da seita, mesmo após a “consagração”, o pão e o vinho permanecem, a diferença é que Cristo “entrou” neles; perdoem-me a expressão, mas como um sanduíche invisível. Já o católico crê que na consagração, ou seja, quando o sacerdote pronuncia sobre o pão e sobre o vinho as palavras da consagração, as substâncias (no sentido filosófico da palavra, ou seja, essência) do pão e do vinho são destruídas, cedendo lugar à Substância do Verbo de Deus, de Nosso Senhor Jesus Cristo, embora, por uma intervenção de Deus, permaneçam inalteradas as aparências de pão e vinho, por três razões: para que a visão da glória de Deus não aniquilasse o nosso ser, para que pudéssemos nos aproximar humildemente d’Ele que se mostra humilde no Santo Sacramento, e para que o pudéssemos receber como alimento do corpo e da alma.


Agora vamos à alga, ao sétimo problema, à moça que tem a comunhão negada por querer receber de joelhos. Tudo o que descrevemos acima têm por finalidade destruir tudo o que de católico possa ter uma missa. Quer se destruir tudo o que S. Pio V canonizou no Missal de 1570 que buscava proteger a Igreja de todos os erros que elenquei acima (e vários outros já muito devidamente abordados em diversas obras). Então no meio desse caos, irrompe um gesto que recorda como o Missal “antigo” prescrevia a comunhão dos fiéis: de joelhos e diretamente na boca.

É por isso que a moça se tornou tão digna de reprimenda, humilhação e vergonha. Ela, com conhecimento ou não, não sei dizer, fez um simples gesto que é capaz de destruir, ou pelo menos enfraquecer toda a protestantização da “nova” Missa.

Conhecendo ou não tudo o que foi exposto acima, ao se pôr de joelhos, a moça reconheceu que era diferente do sacerdote; que O que ia receber era o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua adorável pessoa; e numa fração de segundos fez com que aquela missa parecesse de fato católica.

Mas a ideia de muitos padres e bispos atualmente é exatamente eliminar tudo o que possa existir de católico na Igreja Católica, portanto aquela moça ajoelhada se tornou a inimiga número 1 de todo um esforço que se faz desde os mais altos postos para descatolicizar a Santa Igreja Católica.

Pelo pouco que acompanho da internet já vi muitos se solidarizando com a moça e animando-a permanecer na Igreja Católica apesar dessas situações. Eu faço o mesmo, apenas ressalvo que isso só aconteceu porque ali o que estava presente não era a Igreja Católica, mas a Outra, como ensinou magistralmente Gustavo Corção.

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