MEDITAÇÕES SOBRE A SEQUÊNCIA DE PENTECOSTES IX

 Meus caros amigos,

Continuando a nossa sequência, ouvimos "Dulce refrigerium", Doce refrigério. Esse verso se assemelha bastante ao verso anterior e ao seguinte. Na semelhança com o verso anterior está a palavra "doce". A doçura foi o modo como a Igreja quis significar a suavidade, a delicadeza, o acalanto com que o Espírito Santo age na alma.

Ele é forte, é criador, é fogo abrasador. Mas seu modo de agir é doce.

Ele não se confunde com os espíritos atormentadores ou possuidores dos homens que os violentavam em suas vontades fazendo-os agir de forma contrária. Não. Ele é sussurro, é brisa, é conselheiro, é amigo.

E vento impetuoso e mansa brisa. E o seu modo ordinário de agir é sempre doce, suave, calmo, sereno.

Pensemos numa cerimônia de Crisma. 

Vêm o Bispo com os ajudantes, se posta diante do altar, reza algumas orações, reza sobre os que serão confirmados, e estes de joelhos recebem a unção com o Santo Crisma em suas frontes, enquanto o Bispo diz: "Eu te marco com o sinal da cruz e te confirmo com o Crisma da Salvação. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" e a única coisa diferente que acontece é o que o crismando ganha uma bofetada do Bispo dizendo: Paz contigo.

Ninguém grita, ninguém desmaia, ninguém sai em piruetas pela Igreja: "dulce", doce...

O maior derramamento do Espírito Santo sobre uma alma, muitas vezes uma alma de criança ainda, se dá na doçura e serenidade dessas palavras e gestos.

"Refrigerium..." Essa palavra meio que já nos liga ao verso seguinte, por se tratar de quase um sinônimo, porém vamos nos ater ao sentido mais literal que nos faz pensar numa temperatura suave, agradável, fresca. 

Pensemos no calor do dia, multiplicado pelos asfaltos, cheiros de coisas fritando nas lanchonetes e nos camelôs, o vai e vem sem fim das pessoas... e nós no meio disso passamos pela porta de um banco... Ahhhh! Que alívio.

Assim o Espírito Santo constantemente quer nos aliviar de nossos calores, de nossos fardos, de nossas ansiedades! Quantas vezes estamos inflamados pelo ódio, pela vingança, pela impureza, pelo ativismo... E o Espírito Santo quer nos dar essa lufada de ar novo, para que paremos um pouco, revisemos nossas ações e, o quanto podemos, as nossas intenções, se são unicamente por Deus e sua glória.