MEDITAÇÕES SOBRE A SEQUÊNCIA DE PENTECOSTES VIII

 Meus caros amigos, 

Uma das invocações mais ternas com que a Igreja chama o Divino Espírito Santo e com a qual muitos santos se referiam a Ele é "dulcis hospes aninae", doce hóspede da alma. O Espírito Santo habita em nossas almas, desde que esta se conserve na graça de Deus, habita como hóspede.

Essa expressão é teologicamente maravilhosa por traduzir as ações do Espírito Santo: primeiro Ele não se confunde com a alma, Ele não é uma centelha divina que nos torna outros deuses, como, por exemplo, se encontra no pensamento hinduísta, a sua habitação na alma não causa uma dissolução sua na alma. Permanece distinto dela, podendo habitá-la mais ou menos de acordo com a abertura que o homem lhe concede e pode mesmo ausentar-se dela, deixando-a morta, se praticou-se a desgraça do pecado mortal.

Ele é doce porque sua presença é suave, serena. Não há possessão do Espírito Santo, mesmo aquele que age movido pelo Divino Espírito Santo o faz livre e conscientemente, muitas vezes sem dar-se conta de que foi o Espírito quem a impulsionou. A sua doçura significa que como hóspede é quase imperceptível, não exige nada, não quer nada, não marca a sua presença, simplesmente está presente.

Por fim, refere-se ao Espírito Santo como hóspede da alma. Ora, uma vez que estamos vivos, corpo e alma fazem a unidade de nosso ser, possuindo um grande intercâmbio entre um e outro, embora a alma seja mais nobre que o corpo, por ele é influenciada podendo, por certo exercício do corpo tornar-se mais viva ou mesmo morta. A penitência por exemplo, de modo geral atinge o corpo, mas para dar a alma mais domínio sobre ele, os pecados sensuais se dão no corpo, no entanto mancham a alma. 

Nesse sentido, o Espírito Santo, ao hospedar-se em nossa alma, habita concomitantemente o nosso corpo, fazendo dele o seu Templo. Na alma em graça, Deus habita, pela virtude do Espírito Santo, como um Rei em seu palácio. E nisso, o nosso corpo encontra a mais pura e suave satisfação, porque participa já em algum grau da bem-aventurança que lhe aguarda após a ressurreição da carne. Essa satisfação, esse gozo sobrenatural que também o corpo pode saborear, o viveram de forma tão grande alguns santos que nem a natural ou provocada deterioração à qual está sujeito são capazes de diminuir.

Tantos mártires tinham em suas almas tão alojado esse "Doce Hóspede" que mesmo seus corpos sendo lançados ao longe por uma chifrada de vaca ou tendo sido postos sobre uma grelha acesa não sentiram os tormentos do martírio.

Outros santos que chegaram à idades avançadas puderem dar o testemunho de que eram suas almas que levavam seus corpos já alquebrados e fracos, e isso se dava porque suas almas tinham Alma. Ou seja, eram morada do Espírito Santo.

Em Deus, não há contradição sua força é sua doçura.


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