MEDITAÇÕES SOBRE A SEQUÊNCIA DE PENTECOSTES XXX

Meus caros amigos,

Nossa sequência chega praticamente ao fim, com um último pedido: Da perene gaudium - Dá a perene alegria.

Certa vez esperando para me confessar - o local onde me confesso é cheio de pinturas bem antigas de vários santos - um homem que acompanhava uma senhora "reclamava" com ela sobre o fato de que nenhum santo sorria. Honestamente, nunca tinha reparado esse detalhe. Todos eles eram representados aqui na terra, como, por exemplo, S. Tomás de Aquino está escrevendo; e, realmente, ninguém sorri. Mesmo S. Gregório Magno, com o Espírito Santo ao seu ouvido enquanto escreve o "canto gregoriano", não sorri.

E o comentário daquele homem não deixou de se repetir em minha mente ao ver tantas outras imagens. Mesmo Santos que foram exemplos de alegria como um S. Felipe Néri ou S. João Bosco, não costumam ser representados (ao menos tradicionalmente) rindo. Porém, ao ver várias representações dos Santos na Glória, como as que geralmente são feitas para as canonizações, eles estão sorrindo.

Esse detalhe, certamente não é sem motivo.

Pense em alguma alegria puramente material. Se não se transformar logo em tristeza, certamente se tornará uma preocupação e inquietação. Alguém que ganha na loteria se alegra, mas logo precisa preocupar-se com o seu dinheiro e muitas vezes ele será fonte de tristeza ao constatar divisões na família, falsidade de amigos, inveja de inimigos...

Toda alegria material, mesmo as mais elevadas, até mesmo como a geração de um filho, são misturadas com a instabilidade desse mundo, variando muitas vezes para coisas que em nada se relacionam com a alegria.

Não é esse o "gaudium", a alegria, que S. Paulo enumera como um dos frutos do Espírito Santo. Porque o que vem do Espírito Santo deve gozar da perenidade própria do Espírito Santo. O Espírito eterno não se contenta em distribuir apenas graças passageiras. 

Cristo fala de uma alegria que ninguém pode tirar. Portanto, não é desse mundo, tal como a sua paz.

A representação dos santos "sérios" talvez fosse o modo de dizer que não tinham aqui, proveniente desse mundo, nenhuma alegria. E, se tinham, sabiam que sua validade era curta.

Já no céu, não. Tudo que temos aqui perderemos ou deixaremos, mas tudo o que ganharmos no céu será para sempre. Pedir a alegria eterna não é pedir que nenhum mal ou tristeza nos atormente nesse mundo, o que seria impossível, mas é pedir o céu.

Meus amigos, no início pedíamos aquele raio de luz celeste, agora pedimos a glória celeste. Os três últimos versos que meditamos são simplesmente um pedido do céu: méritos para o céu, salvação no céu, alegria do céu.

Não "incomoda" ao Espírito Santo que lhe peçamos graças para esse mundo, mas, no dizer de S. Paulo, "contristamos" o Espírito se nosso olhar não vai além, porque esquecer de pedir graças espirituais, esquecer de pedir o Céu, é, no fundo, esquecer do Céu.

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