MEDITAÇÕES SOBRE A SEQUÊNCIA DE PENTECOSTES XXVII

 Meus caros amigos,

O verso seguinte da nossa sequência, tendo já expressado o pedido no verso anterior, traz o que se pede: sacrum septnarium, o sagrado setenário, numa referência aos sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.

Em ocasiões anteriores tratamos de cada dom, e hoje não seria exatamente essa a nossa intenção. Sabemos que a teologia distingue três obras particulares do Espírito Santo: os dons, os frutos e os carismas.

Particularmente no que se refere aos dons e aos carismas a diferença está que os dons estão mais ligados ao bem de quem o recebe e os carismas são bens que um recebe para o bem dos demais.

Todos temos necessidade dos dons do Espírito Santo, mas essa necessidade se torna ainda maior quando a responsabilidade pessoal aumenta diante de momentos excepcionais, como uma guerra, por exemplo.

Existe uma ordenação desejada por Deus em todas as coisas, e essa ordem se manifesta, em circunstâncias normais na sociedade e na Igreja. Temos superiores e súditos que devem obedecer aos seus superiores.

Mas podem acontecer situações em que, como num estado de exceção, as coisas se vejam fora da ordem normal, e nisso aumenta, como disse a responsabilidade individual que precisa ser iluminada pelos dons do Espírito Santo, para que cada um compreenda o que aquele estado concreto de coisas exige que se faça para se restabelecer a ordem desejada por Deus.

Pensemos, por exemplo, que em circunstâncias normais devemos obedecer aos sinais de trânsito. Mas se estamos no meio de um bombardeio aéreo não fará muita diferença as cores do semáforo.

Em graves situações da história da Igreja, para defender os direitos de Cristo Rei, homens e mulheres, sacerdotes e laicos, se viram na necessidade e mesmo na obrigação de usar meios que em circunstâncias normais não deveriam ser usados.

Uma mulher que apoiasse, por exemplo, o exército cristero e estivesse carregando preso a seu corpo 15 quilos de armas e munição, se fosse parada por um soldado federal tinha o dever de ocultar dele tudo o que pudesse prejudicar a causa dos cristeros.

São os dons do Espírito Santo (particularmente sabedoria, ciência, entendimento e fortaleza) que inspiram o fiel a resistir e combater tudo e todos que se opõem contra Deus e seu Cristo.

E sobretudo o dom do temor de Deus recordará ao fiel que nenhum mal no mundo com que seja ameaçado, ou nenhum acordo iníquo que lhe seja oferecido, permanece de pé diante do juízo supremo de Deus.


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