MEDITAÇÕES SOBRE A SEQUÊNCIA DE PENTECOSTES XXI

 Caros amigos,

Continuando nossas reflexões sobre a sequência de Pentecostes, encontramos um verso que parece tanto mais apropriado para os nossos dias: "sana quod est saucium", muitas vezes, traduzido como curar o que está enfermo ou doente. Porém, a expressão "saucium" se aplica melhor ao que foi ferido. Uma doença ou enfermidade não necessariamente se referem à uma ferida, porém é esse o ponto em que eu gostaria de me deter um pouco.

Nessa estrofe reconhecemo-nos como feridos, feridos por nós, feridos por nossos pecados, feridos pelos outros... Não é a extrema sensibilidade do homem moderno um sinal de que esteja coberto de feridas? 

Mesmo entre os membros de uma família, por vezes se está numa espécie de terreno minado. Fora de casa, nos ambientes de trabalho e outros relacionamentos ou ficam numa absoluta superficialidade ou, com o mínimo de profundidade, se quebram, muitas vezes para sempre, tornando a convivência insuportável.

O homem moderno não está apenas ferido, está coberto de chagas. Mas chagas provocadas por seu amor-próprio, pelo apego a si mesmo, às "suas" coisas. E pelas mazelas dos outros.

Só o Amor pode curar essas feridas, mas não qualquer amor, o Amor que é Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho. 

Pensemos na parábola do "Bom Samaritanto". Nela o homem que foi vítima dos assaltantes foi deixado "quase morto". Não estava doente, mas gravemente ferido, feridas que que o estavam levando à morte. O bom samaritano derrama óleo e vinho nas feridas, o põe sobre sua montaria, o leva à uma hospedaria e encarrega o hospedeiro para cuidar do homem. 

Não são todas essa coisas imagens do Espírito Santo? Não é Ele a Unção Espiritual, como diz o Veni Creator, que unge nossas feridas? Não é por sua ação sobre os altares que se faz presente o Sangue de Cristo que, pela santa comunhão, se mistura ao nosso sangue e cura nossas feridas? Não é n'Ele e por Ele que somos conduzidos? Não é Ele que cuida de nós até que o Senhor volte?

Meus amigos, não tenhamos medo nem vergonha de mostrar ao Espírito Santo nossas feridas. Elas não afastam o Espírito Santo, antes, O aproximam de nós, tal como o médico que se inclina com mais prontidão sobre o paciente mais machucado.



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