MEDITAÇÕES SOBRE A SEQUÊNCIA DE PENTECOSTES XIII

Meus caros amigos,

Embora toda a nossa sequência seja um chamado ardente, uma exclamação do mais profundo da alma cristã, o verso que hoje meditaremos é o único em que a marca do vocativo latino "O" se faz presente: "O lux beatissima", Oh, luz beatíssima.

Esse "Oh" situado quase no meio da sequência, manifesta o enlevo da alma que anseia pela luz do Espírito Consolador, ou tanto melhor, pela Luz que é o Espírito Consolador. A interjeição "oh" não é um mero recurso linguístico na tradição poética da Igreja, mas é como que um "salto da alma" quase que um arrebentar-se desse corpo material para "rompendo a tela desse doce encontro" como dizia S. João da Cruz, celebrar sem demora os desposórios místicos com o Amado.

Não é à toa que praticamente todos os hinos eucarísticos compostos por S. Tomás de Aquino por exemplo, tragam sempre esse interjeição: O sacrum convivium, O salutaris Hostia, O res mirabilis etc.

O Oh é esse grito da alma que não aguenta mais por esperar o face a face com Deus.

Depois de ter considerado sobre tantos nuances a Pessoa Divina do Espírito Santo, a Sequência traz essa exclamção: O lux beatissima.

O tema da luz é bastante recorrente nessa sequência, já o vimos anteriormente, e ainda o iremos considerar mais para a frente. O Espírito Santo é, o amor que une o Pai e o Filho no seio da Santíssima Trindade. Mas para unir o homem a Deus, antes do amor é necessária a luz da verdade, e é esse o papel do Espírito Santo na condução do homem a Deus, é como diz a Sagrada Escritura, Espírito da Verdade. Nesse sentido é luz.

O homem sem a verdade encontra-se na escuridão. É um cego. Todavia, o Espírito Santo, age na alma humana através do conhecimento da verdade. É lux beatissima, luz bem-aventurada, luz feliz, luz santíssima que dá ao homem o verdadeiro conhecimento de todas as coisas a capacidade de dispor delas em vista de seu bem supremo que é Deus.

Cristo disse de si mesmo: "Eu sou a verdade", a Liturgia recordará que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são veraz, no entanto não são três verazes, mas um só veraz. A mesma verdade que é o Pai é o Filho e é o Espírito Santo. O Espírito Santo é luz beatissíma porque ilumina o homem no conhecimento do Filho e do Pai, fazendo com que o homem torne-se, pela graça, participante da natureza divina. Assim, a Luz beatíssima concede ao homem a vida beatíssima, a vida bem-aventurada, a vida em Deus.

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