NUTRÍCIO DO FILHO DE DEUS

 Poucas expressões podem conter um abismo entre duas proposições como esta. Nela nos referimos à S. José como nutrício, ou seja , como aquele que deve nutir, sustentar, prover as necessidades do... Filho de Deus.

É como se pegásssemos um mendigo e lhe conferíssimos o título de ministro da economia.

Essa invocação que engradece a S. José, nos dá uma pálida dimensão do aniquilimento de Cristo assumido livremente por amor de nós. A Santa Liturgia em outro momento comenta o fato de que "aquele que as aves sustenta, quis ser sustentado" com o leite da Santíssima Virgem.

O despojamento de Cristo gerou um escândalo tão grande entre os primeiros fiéis que, os primeiros hereges quiseram reduzir tudo o que é humano em Cristo: fome, dor, sofrimento e morte à uma simples aparência, a algo que não era real. Que Cristo "parecia" passar por isso, mas lá no fundo de seu interior nada disso O atingia realmente.

Por isso, S. João insistirá tanto na "carne", "sarx" que o Verbo assumiu não como uma aparência, como uma fantasia, mas como algo tão real que a negação de Sua vinda "na carne" seria a marca do anti-cristo.

É aqui que a figura de S. José ainda mais se agiganta.

Deus quis servir-se de José da forma mais natural possível. Falou-lhe através de sonhos e fez com que ele providenciasse tudo à Sagrada Família da forma mais natural (e pobre possível), mesmo diante do perigo de vida do Menino Jesus por causa da ambição de Herodes, Deus não fez a Sagrada Família materializar-se no Egito, mas acordou José e comunicou-lhe por sonhos o que fazer.

E, por seu trabalho profissional - sem outro recurso - José pode sustentar aquele que com um simples ato de sua vontade sustenta o universo. Talvez, como todo bom pai, José sentiu que a sua mesa poderia ter algo mais, que seu Filho e sua esposa poderiam ter uma refeição mais abastada, mas a partir de José, Jesus já compreende que o que vale não é dar "muito" ou "pouco", o que é sempre relativo... mas dar "tudo", e José deu tudo, sempre tudo.

José deu os seus sonhos e cada ação sua unicamente para nutir o Filho de Deus. E aque'Ele que tem para comer um alimento que os homens não podem conhecer se alimentou mais dos sonhos e da santidade de José do que o que este botava com o suor do seu rosto na mesa do Egito ou de Nazaré.

José não alimentou Cristo apenas com pães desse mundo, alimentou-O com a sua alma à saciedade! Jesus consumiu a alma de José infinitamente mais que a alma da Samaritana. Não creio estar errado quando penso numa refeição da Sagrada Família e Nossa Senhora talvez "fazendo de conta" que já estava satisfeita insistia para que Jesus pegasse um pouco mais, e Jesus olhando para José, dissesse: "Mãe, estou satisfeito!" Assim, muito mais do que uma simples provedoria material, José foi o quem nutriu o Filho de Deus.

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