AUSÊNCIA

 Na narrativa pascal segundo S. João, o discípulo amado "viu e acreditou". Mas, se formos analisar bem essa frase, talvez se tivéssemos a soberba de corrigir S. João, diríamos "ele não viu e acreditou".

Ou seja, ele não viu o corpo do Mestre e, ao não ver o corpo morto, acreditou que Jesus estava vivo. Porém não foi assim que o Espírito Santo inspirou o autor sagrado.

Ele viu e acreditou. 

Mas o que ele viu? Ele "viu" a ausência.

Estudiosos do Santo Sudário explicam que não há nele nenhum sinal de que aqu'Ele que estava envolto nele tenha sido retirado de um modo normal, como que "desembrulhado", não há no sudário sinais de como um tecido que se sobrepõe à uma ferida e que se gruda a ela quando é retirado.

Os indícios seriam de que o Corpo ali envolvido teria produzido uma energia e um clarão semelhantes ao de uma bomba, a ponto de gravar nele uma imagem enquanto saía do tecido.

O Sudário, de fato, tem marcas de Sangue. Mas a imagem gravada nele não foi gravada com Sangue, mas gravada como a luz grava o negativo de uma foto.

Enfim, não pretendo aqui fazer um curso sobre o Sudário, mas dizer que foi mais do que o túmulo vazio, foi o sudário vazio, que fez João acreditar.

A fé de João brota da ausência de Cristo, é porque Cristo não está que ele acredita.

Meus amigos, assim também não é tantas vezes a nossa fé. De modo geral cremos mais porque não vemos do que porque vemos.

Ainda hoje há milagres, sinais dos mais variados tipos, mas a imensa maioria dos que crêem o crêem não porque viram, mas justamente porque não viram.

Nesse viés Santo Agostinho dizia que Cristo instituiu a Eucaristia justamente pela necessidade de ir para o Pai e, aparentemente, nos deixar.

Diante do Santíssimo Sacramento S. Agostinho aclamava: a tua ausência, Senhor é a maior das presenças!

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