S. ESCOLÁSTICA

 

Poucas ocasiões refletem melhor a vida de uma pessoa do que o momento de sua morte. Já os antigos romanos, mesmo antes de conhecerem Nosso Senhor Jesus Cristo, já afirmavam que tal como se viva, assim se morre.

E isso se aplica de um modo especialíssimo em Santa Escolástica. 

O pouco que se sabe sobre sua vida se refere a dias antes de sua santíssima morte. E S. Gregório Magno ainda usa uma expressão que é, pelo que se pode verificar, o resumo de toda a sua vida: "mais pode aquela que mais amou".

S. Escolástica era irmã de S. Bento, gêmea. E também ela consagrara-se ao Senhor desde a infância. Uma vez ao ano, ela e S. Bento se encontravam nas proximidades de Monte Cassino.

S. Gregório, ao narrar a vida de S. Bento, mostra que desde muito cedo S. Bento operou inúmeros milagres, desde a ressurreição de mortos até o conhecimento do pensamento de quem lhe estava próximo. E também milagres sobre a natureza, como fazer um discípulo andar sobre as águas ou "retirar" o peso de uma pedra.

No último encontro entre os santos irmãos, S. Escolástica já prevendo a proximidade de sua morte, pediu a S. Bento que passassem a noite em santas conversações espirituais. S. Bento é movido pelo sentido de obedecer à sua própria Regra. S. Escolástica é movida pelo amor.

Diante da negação de seu irmão que pretendia retornar ao mosteiro, ela ora. E arrebenta uma tempestade violenta sobre o lugar. S. Bento não necessita de muito tempo para dirigir-se à sua irmã e perguntar-lhe com aquela naturalidade própria dos grandes Santos: "O que fizestes, minha irmã?". E com a mesma naturalidade, sem deixar também aquela alegria sobrenatural a Santa respondeu: "Pedi-te que ficastes e dissestes que não, então pedi a Deus que ficasses. Vá embora, se podes!" E assim, passaram a noite conversando sobre Deus e sobre o Paraíso no qual em breve ambos adentrariam.

Dias depois, S. Bento viu a alma de sua irmã subir aos céus sob a forma singela de uma pomba e mandou que lhe trouxessem o corpo para ser depositado na mesma sepultura em que ele em pouco mais de um mês também seria depositado.

S. Gregório dá a entender que em suas vidas S. Bento tenha feito muito mais milagres que a sua irmã, mas que, naquele momento em concreto, "pode mais aquela que mais amou". De fato, o que faz com que Deus escute as preces de um santo e intervenha de modo miraculoso é a caridade do santo. Os santos não são mágicos ou curandeiros, são pessoas movidas pelo amor, e assim Deus que é amor se lhes torna propício.

Naquele momento quase final de sua vida, S. Escolástica era puro amor. Seu irmão também era amor, mas ela ali era ainda mais. Por isso, ela pode mais.

Meus amigos, quando rezamos queremos que Deus nos atenda. Mas o idioma de Deus é o amor. Se rezamos sem amor, como que falamos com Deus numa língua que Ele não compreende. Muitos ao rezarem se preocupam com várias coisas, mas não amam. Por isso não são atendidos.

Amor aqui não é sentimento, mas decisão, é caridade. É virtude.

Aquele que reza sem amar, sem caridade, se torna incompreensível para Deus.


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