MORTOS

 

Existe um ditado que ensina que "sobre os mortos só se fala bem".

E, de fato, é assim que habitualmente procedemos. Quando uma pessoa morre, todos buscam recordar apenas as coisas boas que a pessoa praticava e, às vezes até com um certo exagero.

Para as crianças, quando alguém morre, costumamos dizer que "foi para o céu".

Imaginem, porém, que um padre chamado a "fazer o velório" de um defunto, ao invés de elogiar o morto, começasse a apontar seus defeitos, seu apego ao dinheiro, sua opressão para com os mais pobres e que, por isso, estava condenado.

Esse padre, certamente, não foi muito "pastoral", e talvez fosse expulso do velório. Mas esse padre era... Santo Antônio!

É claro que o fato de ser quem era, não impediu que os familiares e amigos do morto ficassem irados com ele, a ponto de pedirem uma prova do que ele dizia. Ao que o Santo respondeu com as palavras do Evangelho: "Onde está o seu tesouro, aí está o teu coração!"

Com certa ânsia, a primeira coisa que fizeram foi despir o peito do morto, e não encontraram nenhuma cicatriz, nenhuma marca. Mas, alguém mais afoito, propôs uma espécie de autópsia, e abrindo o peito do homem, viram que estava sem coração.

O Santo apenas repetiu o que tinham dito. Ao encontrarem na casa do morto o seu cofre, o abriram, e por entre as moedas estava o coração, ainda quente, espalhando sangue pelas moedas até o chão.

Meus, prezados amigos, nós não convivemos mais com a morte. Não há mais sino dobrando  "a finados", ou cortejos fúnebres. E quando precisamos tratar sobre alguém que morreu somos levados a um otimismo, que se real ou não, deixamos ao juízo de Deus. Mas que muitas vezes nos leva a pensar ou que nunca morreremos ou que a salvação já nos está certa.

E não é assim.

Morrer não é sinônimo de "ir para o céu".

Por isso, em cada segunda-feira, rezamos de uma forma mais intensa pelos mortos e pensamos também na nossa morte. Onde está o nosso tesouro? De verdade. Mesmo. Pra valer.


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