ANTI-ROMÂNTICO


 Meus prezados amigos,

Quanto se fala em "romântico" não se trata de uma única coisa. Há o gênero literário, as acções, as palavras e um pequeno universo de coisas que podem acertadamente ser chamadas de "românticas".

Porém, com plena certeza, uma palavra nuca combinará com romântico, praticamente não estarão na mesma frase que é a palavra católico. O católico, sob certo aspecto é anti-romântico.

E aqui me refiro à primazia que o romântico possuiu do sentimento sobre a razão. É nesse aspecto, praticamente no sentido do senso comum, que uso a palavra romântico.

Católico e romântico são duas coisas não apenas distintas, mas antagônicas.

Sobre o católico a última coisa que exerce influência são seus sentimentos. Primeiro está o que Deus ordena, o que o católico sabe ser sua obrigação, o que, em consciência sabe que deve fazer, o catecismo que estudou, a realidade mais natural possível de cada coisa. É isso que deve influenciar o católico: a caridade, não o romantismo.

O católico "romântico" perde-se num emaranhado de sentimentos confusos e, geralmente equivocados. Para ele a oração precisa estar acompanhada por alguma consolação, o Papa foi escolhido diretamente pelo Espírito Santo e portanto qualquer coisa que deseje é a vontade de Deus para a Igreja, o padre ou bispo são seus papaizinhos queridinhos, Nossa Senhora é aquela mãe que só pode mimar os seus filhos, Deus é tão bom e misericordioso que permite tudo e o inferno, se existe, estaria vazio. Talvez até o diabo um dia seja readmitido no céu... Numa palavra, o católico romano é um alucinado. E, se não é, será.

Na Igreja e na ordem sobrenatural as coisas funcional de modo muito semelhante à ordem natural. Por exemplo: trabalha-se. Com vontade ou sem vontade o homem deve trabalhar, ele não trabalha movido por sua vontade, mas por sua vontade iluminada pela razão. De modo que não vai ligar para o seu patrão para dizer que hoje acordou ainda com "soninho", por isso não vai trabalhar.

Ainda que tenha se aborrecido com sua esposa, a tratará com caridade e buscará - sem a menor "vontade" perdoar alguma ofensa recebida. Sabe que o papel da hierarquia não é inventar a doutrina, mas a guardar, portanto o que é dito pela hierarquia que não coincide com a doutrina deve ser rejeitado. Sabe que Deus governa todas as coisas, mas que os cardeais num conclave ou um bispo quando nomeia um padre não estão necessariamente tomados pelo Espírito Santo para ter uma decisão infalível. E assim por diante.

Meus caros amigos, a Quaresma é um tempo "seco", não à toa, lembra o deserto no qual Nosso Senhor esteve por quarenta dias. Não é mal enxugar a nossa visão, as nossas ações. Não podemos cair numa diabetes existencial... E, contra isso, a quaresma e o próprio espírito católico são remédio.

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