AMIGOS E INIMIGOS

 

Meus prezados amigos,

Cristo tem amigos. E também tem inimigos.

Não estaríamos errados se esperássemos que as atitudes dos amigos de Cristo fossem diametralmente opostas aquelas dos inimigos de Cristo. Infelizmente, porém, nem sempre é assim.

O Santo Evangelho narra algumas cenas nas quais as atitudes dos que se consideram amigos de Cristo são exatamente as mesmas dos inimigos de Cristo. O Evangelho desse Domingo da Quinguagésima mostra isso: diante dos pedidos incessantes do cego, são os que acompanham Jesus que pedem que o cego se cale. 

Assim também quando as crianças são levadas até Jesus, quando a mulher siro-fenícia implora a cura da filha, quando Maria derrama o perfume para ungir os pés de Jesus... São os "amigos" de Cristo que reprovam, que afastam, que se incomodam, que acham desperdício...

A verdade, meus caros, é que Cristo tem amigos e inimigos. Mas nem todos os que se consideram amigos de Cristo o são verdadeiramente.

Só um amigo é capaz de trair.

E dentre os "amigos" de Cristo não são poucos os que o traem.

Ou que não admitem aquelas manifestações de fé e de amor que eles nunca serão capazes de dar, porque, na verdade, não crêem, nem amam.

Imaginem, meus amigos, se o cego tivesse "obedecido" os "amigos" de Cristo. Teria continuado cego, porque o Senhor quis ligar a insistência e o volume do pedido do cego à cura do próprio cego.

Se nos perguntam se somos amigos de Cristo, nossa resposta imediata é que sim.

Mas, não estaremos nós entre aqueles que acham que algo foi demais para Ele? Ou que nos incomodamos com o fervor alheio? Ou que nos julgamos a regra da piedade?

Recordando hoje a primeira Aparição da Santíssima Virgem em Lourdes, somos chamados a pensar na falta de generosidade de muitos "amigos" de Cristo: quando apareceu em 1830 na Capela das Filhas da Caridade em Paris Nossa Senhora pediu que aquela capelinha estivesse sempre aberta, que aos pés daquele altar as graças seriam derramadas sobre todos os que pedissem. Porém, mais de vinte anos depois, o pedido de Nossa Senhora ainda não tinha sido atendido. Algo simples: manter a capelinha aberta.

Santa Catarina Labouré, a vidente dessa aparição, chegou a escrever em seu diário: "Minha Mãe, aparecei em outro lugar. Aqui não vos querem ouvir!" 

E 28 anos depois a Santíssima Virgem apareceu não mais numa igreja ou para religiosos, mas numa gruta para uma pobre mocinha, Bernadete Soubirous. Pouco falou a Santíssima Virgem, praticamente a sua presença 18 vezes repetidas naquele lugar foi para o santificar e fazer surgir a fonte de água milagrosa, instrumento pelo qual tantas curas seriam realizadas.

A simplicidade e inocência de Bernadete fez de Lourdes a única aparição em que a Santíssima Virgem sorriu.

Na gruta, ninguém poderia impedir a presença do povo. É verdade que houve tentativas, mas no final, a gruta que era um local aberto, continuou aberto. E Santa Catarina Labouré escreveu que ali se realizavam os milagres que aconteceriam em Paris "se tivessem ouvido a Santíssima Virgem..."

Os "amigos" de Cristo, padres e freiras, não ouviram o pedido de Nossa Senhora. Ela, então, foi para uma gruta e para uma mocinha. Ali Sua vontade se cumpriu.

Meus amigos, suponho que todos nos consideramos amigos de Cristo. Mas hoje pensemos se realmente o somos. E olhando para a Virgem de Lourdes, peçamos a graça de realmente o sermos.

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