A TIA



Meus prezados amigos,

Imaginemos que fomos à uma festa, pode ser um aniversário infantil, por exemplo. E ao chegar no local da festa, tudo se refere à tia-avó da co-cunhada do padrinho de crisma do bisavô do pai da criança.

As fotos, os textos, as músicas, tudo está focado nessa pessoa. É verdade que se cantou o parabéns para a criança, mas até o primeiro pedaço do bolo foi depositado diante da foto dessa pessoa e o discurso, as conversas, e até os presentes, tudo, falava dessa pessoa.

E claro que há um vínculo entre o aniversariante e a tia-avó da co-cunhada do padrinho de crisma do bisavô do pai da criança, mas é simplesmente um vínculo muito distante, praticamente remoto, e o que foi feito com a pobrezinha da criança foi uma monstruosidade.

Com algumas alterações é isso o que faz a Campanha da Fraternidade.

A quaresma é um tempo em que os fiéis caminham com Cristo até o Calvário para assistir os tormentos sem igual que Ele, por causa dos nossos pecados e em nosso lugar, para satisfazer a Justiça Divina, como Sumo e Eterno Sacerdote, pela oblação absoluta de seu Corpo, ofereceu ao Padre Eterno. 

Essa verdade, então, deve provocar em nós um aumento da caridade para com Deus, que usou de caridade para conosco, sacrificando o Filho em lugar do escravo!

E essa caridade tem em sua base a aversão pelo pecado e a utilização de todos os meios, especialmente a oração, a penitência e a esmola como remédios contra o pecado.

Mas, de repente, entramos na Igreja e vemos um cartaz de ciranda. E só se fala da ciranda, só se canta a ciranda e se pede dinheiro para ciranda.

As pessoas de mãos dadas por um mundo melhor é a tia-avó… vocês já sabem…

Se todos, contemplando a Paixão de Cristo, nos convertermos, amarmos a Deus como ele merece ser amado e nos amarmos no amor de Deus, estaremos contribuindo também com qualquer coisa que haja de legítimo nesse mundo, mas a quaresma não existe para isso.

E se ela girar em torno disso, a Paixão de Cristo deixa de ser compreendida dentro do dogma católico para ser apenas um bom exemplo, uma manifestação de resiliência,uma mera comunhão com as dores dos outros homens.

Enquanto que o Cristo e Maria já nos interpelam desde o Antigo Testamento: “olhai e vede se há dor como a minha dor?”

A Paixão de Cristo deixa de ser a Sua Hora para ser um “acidente de percurso”, o fim de um jovem galileu, militante da paz e da justiça, incompreendido pelos poderosos e morto pelos opressores.

Esse jovem galileu é qualquer um, menos Cristo, que caminhou resolutamente para a cruz, preveniu os apóstolos sobre ela, chamou-os ao combate e Se entregou quando e como quis à Sua Morte.

Meus amigos, para muitos a Campanha da Fraternidade não é mais nada. Terão a benção de sequer ouvir sobre isso.

Outros, porém, amigos nossos, que queremos no céu conosco, talvez não se converterão em mais uma quaresma porque só se vê só se fala da tia-avó etc.

Sugira bons livros, boas meditações da Via Sacra (especialmente as de S. Afonso) e outros textos, para que se olhe quem deve ser o foco desse tempo.


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