OBEDIÊNCIA

 


Meus caros amigos,

Celebramos no domingo a Festa da Sagrada Família. No Santo Evangelho fala-se do piedoso costume de S. José, Nossa Senhora e Nosso Senhor irem todos os anos ao Templo.

Aos doze anos de idade, ao invés de voltar junto com seus pais, o Menino Jesus permanece na Cidade de Jerusalém. Essa ação de Cristo não foi uma peraltice de adolescente, mas serviu grandemente à edificação.

Ficaram edificados os mestres vendo a sabedoria de Cristo, ficaram edificados Maria e José, com o sentido verdadeiro da obediência que Jesus mostra, e ficamos edificados nós, percebendo o quanto Cristo tinha a plena consciência da sua divindade.

Porém, após esse episódio, o evangelho narrará 18 anos da vida de Cristo com uma única frase: “era-lhes submisso”.

Cristo submetia-se a Maria e José, seus pais, porque ambos eram reflexos de Seu Pai. Nunca uma ordem, ou mesmo uma sugestão de José ou de Maria, estava em desacordo com os desígnios do Pai.

S. Francisco gostava de criar relações de parentesco entre as virtudes e, nisso, ensina que a obediência é irmã da caridade.

Na verdade, pode nos ajudar pensar do seguinte modo: a obediência está ligada à virtude da justiça e essa à caridade.

De modo que a obediência, desvinculada dessas duas virtudes, perde a sua beleza. A obediência trabalha na minha vontade, para que eu faça como se fosse vontade minha o que me manda um superior.

Nesse sentido, quanto menos for vontade minha, mas meritória é a minha obediência.

Porém, a obediência precisa estar submissa à fé. Não o contrário.

A obediência como argumento muitas vezes é usada para um sacrifício da fé: a minha razão diz que está errado, a prudência me manda não fazer, a justiça me mostra que o que me é mandado é um abuso, a fortaleza me obriga a permanecer firme…

O único argumento disponível é “não crie caso, todo mundo faz”...

Nesse sentido a obediência não é virtude.

Posso obedecer alguém que mande para a China, se de fato tem autoridade sobre mim, ainda que na minha opinião esteja fazendo um bom trabalho aqui.

Posso aceitar um castigo por algo que não fiz.

Mas não posso mudar uma palavra, uma vírgula do Pai nosso, ainda que me seja mandado por meu pai ou pela maior autoridade desse mundo.

Era-lhes submisso. 

Cristo é o Mestre da verdadeira obediência. Olhemos detidamente para Ele e aprendamos a obedecer até a morte e morte de Cruz.

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