LUÍS XVI

 


Meus prezados amigos, nesse dia 21 de janeiro, a Santa Igreja celebra em sua liturgia o III Domingo após a Epifania, no Calendário dos Santos, surge a pequena e imensa figura da menina Inês de Roma, Virgem e Mártir. Mas nós, católicos, por sermos católicos não estamos isentos dos fatos que acontecem pelo mundo, e de sofrer seus efeitos. De modo que o dia 21 de janeiro surge sombrio para cada católico, nesse dia em 1793 a Revolução Francesa decapitava o Rei Luís XVI.

Se toda a vida desse Rei não foi uma vida de santidade e virtude, pelo menos no cárcere e na morte o Rei pode crescer em sua vida sobrenatural, buscando assemelhar-se ao Rei dos reis. Conta-se que na hora exata de sua morte, o rei negou ter suas mãos amarradas (costume para minorar os espasmos dos corpos quando a guilhotina caía), mas após ter recitado o ofício dos mortos já se considerando um deles, ouviu de seu confessor que também Cristo fora manietado, e nesse momento final, acedeu à essa última humilhação que lhe reservaria mais honra após a iminente morte.

A morte dos soberanos da França é certamente um dos momentos mais terríveis da Revolução começada em 1789 e preparada por décadas por "pensadores" que sabiam que não a viriam, mas que seus efeitos seriam devastadores para todo o mundo.

A ideia da repulsa por toda autoridade, por qualquer senso de ordem, a separação e a tentativa de derrubada do altar e do trono, são as marcas dessa nefasta revolução de inspiração verdadeiramente diabólica.

A Igreja caminha pelas sendas do mundo e o que acontece nele sempre traz efeitos a Igreja.

As consequências dessa Revolução satânica hoje, dentre tantos a deplorar vemos a negação da própria realidade sobre o ser humano em suas verdades mais básicas, as ideologias de gênero e mesmo a de espécie (que já se introduz em vários lugares). 

De modo semelhante acontece no seio da Igreja. O que hoje vemos? Grandes disputas teológicas? Questões complicadas de ordem moral? Nada disso.

Nega-se o mais básico do catecismo, nega-se diretamente o que está explícito nas Sagradas Escrituras como o mandato missionário de Cristo ou os dez mandamentos.

Todos esses males encontram suas raízes na revolta contra Deus, começada pelo demônio e continuada pelos seus filhos ao longo dos séculos.

Nada é impossível para Deus. A Santíssima Virgem aparecendo 41 anos depois do início da Revolução Francesa na mesma Paris em Rue du Bac, predisse que outros males viriam, que o mundo seria posto do lado avesso, mas que quando tudo parecesse perdido Ela estaria conosco. Confiemos nessas palavras da Rainha que ninguém poderá destronar.

Concluo essas linhas, com o que disse o Santo Padre Pio VI disse sobre Luís XVI: 

"Ah França, França, tu a quem os nossos predecessores chamavam o espelho do cristianismo, e com o apoio imutável da Fé! Tu que pelo teu zelo na crença cristã, e a tua piedade filial à Sé Apostólica, não te encontras a par das outras nações, mas as precedes a todas. Como nos és contrário hoje em dia! De que espírito de hostilidade te apresentas animada contra a verdadeira religião! Quanto já supera a fúria, que manifestas aos excessos de todos aqueles que têm mostrado até agora os seus perseguidores mais implacáveis! 

E, no entanto, não podes ignorar, mesmo se o quiseres, que a religião é a guarda mais segura e a base mais sólida dos Impérios; pois também reprime os abusos de autoridade dos Príncipes, que governam, e os defeitos da licença dos súbditos, que obedecem. Oh! É por isso que todos os facciosos antagonistas das prerrogativas reais buscam o modo de aniquilá-las, esforçando-se por derrubar a Fé Católica.

Ah França, repito novamente! Tu mesmo pedias um Rei Católico. Disseste que as leis fundamentais do Rei não permitiam que reconhecer um Rei que não fosse católico. E vê agora que, tendo aquele Rei Católico, acabaste de o assassinar, presumivelmente porque ele o era. A tua raiva contra este Monarca foi tal que nem mesmo a sua própria tortura foi capaz de a satisfazer ou apaziguá-la. Mesmo depois da sua morte nos seus despojos tristes ordenaste que o seu cadáver fosse levado e enterrado sem qualquer provisão de um enterro honroso. Oh! Pelo menos a Majestade Real foi respeitado em Maria Stuart depois da sua morte. O seu corpo foi embalsamado, levado para a cidadela e depositado num lugar preparado para esse fim. Foi ordenado aos seus oficiais que ficassem, juntamente com a família, perto do caixão, com todas as insígnias de suas dignidades, até que ele destinasse a esta Princesa um enterro conveniente. 

O que ganhaste tu entregando-te a um movimento de ódio e raiva, não te conseguiste satisfazer mas apenas atrair mais ignomínia e infâmia, e causar ressentimento e indignação geral dos Soberanos, muito irritados contra ti, que eles nunca o foram contra Isabel de Inglaterra.

Ó dia de triunfo de Luís XVI, a quem Deus deu paciência nas tribulações e vitória no meio da tortura! Temos a firme confiança de que ditosamente foi substituída uma Coroa Real, cujas as cores em breve iriam desaparecer, por um diadema eterno, que os Anjos teceram com lírios imortais."

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