II DOMINGO APÓS A EPIFANIA

 

Meus prezados amigos, 

Sabemos que epifania significa "manifestação". Quando se pensa em manifestação de Nosso Senhor, tradicionalmente se pensa em três eventos: a adoração dos magos, quando Nosso Senhor se mostra como Salvador do Mundo; o Batismo do Senhor, quando Cristo é manifestado pelo Pai como o "Filho muito amado" e as Bodas de Caná, quando, no dizer de S. João Evangelista, pela intercessão da Santíssima Virgem, Nosso Senhor "manifestou a sua glória" e seus discípulos creram n'Ele.

Quando pensamos no Evangelho de S. João, sabemos, de acordo com vários estudiosos, que estamos diante do último Evangelho, um Evangelho escrito com intenções mais teológicas que biográficas, onde mais do que os outros três, cada palavra é pensada e cuidadosamente colocada.

Levando isso em consideração, não passa despercebido o fato de que ao tratar das bodas de Caná, S. João cite em primeiro lugar a presença de Maria e se refira à Nosso Senhor com um simples "também".

No Evangelho de João, Nossa Senhora nunca é nomeada. Ela é a "Mãe de Jesus", quando S. João se refere à Ela e é a "Mulher" quando Jesus se dirige à Ela.

Ao estabelecer a Santíssima Virgem como Mulher/Mãe, S. João está traçando um paralelo entre Eva e Maria. Em todo o Evangelho de S. João só há uma frase de Maria, tal como no Gênesis só há uma frase de Eva. Eva conversa com o demônio e leva o homem para o pecado. Já a única frase de Nossa Senhora dirigida aos homens é uma reparação àquela de Eva. Se esta levou o homem à desobediência, Maria leva à absoluta obediência: "Fazei tudo o que Ele vos disser".

Nossa Senhora já entendeu que Deus "não sabe lidar com frações", não basta fazer o que Nosso Senhor diz, mas é necessário fazer TUDO o que Ele diz. O Céu não é para homens fracionados, mas para homens inteiros.

Por isso Maria é a Mulher. 

Mulher inteira, absoluta, total. Totalmente de Deus e, em Deus, totalmente dos homens.

A fé no coração dos discípulos nasce pela sua intervenção: "e seus discípulos creram n'Ele". 

Ela adianta a "Hora" de Cristo, e estará ao seu lado quando essa "Hora" chegar. Estará tal como nova Eva, Virgem, diante da Árvore e diante do Homem. Maria aos pés da Cruz restaura o que Eva destruiu aos pés da árvore do Paraíso.

Meus amigos, quanto é grande e gloriosa a Santíssima Virgem: Santo Antônio de Pádua, pouco antes de sua morte cantou um hino litúrgico à Santíssima Virgem que lhe era particularmente caro, onde se diz exatamente isso: a Virgem é Senhora gloriosa que destruiu o que fez a triste Eva. E após dizer isso, exclamou: "Vejo o meu Senhor!" e morreu. Na morte de Santo Antônio, "a Mãe de Jesus estava presente, também Jesus..." Se quisermos ter a Jesus, tenhamos Maria. Não há caminho mais certo.

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