CONVERSÃO

 

Meus prezados amigos, 

Não é sempre que vemos um milagre, uma oração ser atendida.

A festa de hoje, é, antes de qualquer coisa um milagre. A Igreja, através dos Santos Padres, sempre entendeu que a Conversão de S. Paulo que hoje celebramos foi o fruto da oração de Santo Estêvão. Se os que apedrejariam o Proto-mártir depunham diante do mancebo Saulo as suas vestes, o glorioso Santo depunha suas preces diante do Trono de Cristo. E a intercessão de um, trouxe o dom da conversão para o outro.

Mas olhemos detidamente os detalhes que emolduram essa cena.

Saulo ia perseguir a Igreja. Cristo, porém, não lhe pergunta: "Por que persegues a minha Igreja?" ou "os meus discípulos", mas "Por que me persegues?". E para que não restassem dúvidas, ofuscado pela Luz de Cristo, Saulo pergunta: "Quem és tu, Senhor?", e a resposta parece fazer eco à primeira indagação: "Eu sou Jesus, a Quem tu persegues."

Já no Antigo Testamento, boa parte da literatura profética e sapiencial, se desenvolve estabelecendo entre o povo hebreu e Deus uma relação matrimonial. Deus é um "Deus ciumento", o culto a outros deuses é uma "prostituição" etc. Na Nova Aliança, este pacto nupcial é estabelecido entre Cristo e a Igreja, se do lado de Adão adormecido Deus tira a esposa de Adão, Eva; do lado de Cristo morto - adormecido - na Cruz, pelo Sangue e Água que jorram, é tirada a Igreja. E o que Deus uniu o homem não separa.

Não se pode atacar a Igreja sem atacar Cristo, atacar os discípulos de Cristo, por causa de Cristo é atacar a Cristo. A Igreja e Cristo formam uma só carne, a Igreja presente nesse mundo, continua a Presença de Seu Esposo.

Voltemos, porém, à narrativa da Conversão de S. Paulo.

Surge a simpática e não muito destemida figura de Ananias. A quem o Senhor ordena que vá até Saulo e lhe introduza na Igreja pelos Sacramentos. Como qualquer pessoa de bom senso, e com uma familiaridade incrível com Cristo, Ananias começa a dizer para o Senhor a "ficha corrida" de Saulo, ao que o Senhor responde com um peremptório: "Vai!" E ele vai.

Ali, esse quase figurante bíblico, consagra o Apóstolo das Nações, batiza-o, impõe-lhe as mãos e com ele reparte o alimento que fortifica, ou seja, o Santíssimo Sacramento. Não se ouvirá muito mais sobre Ananias. Nunca mais se deixará de ouvir sobre S. Paulo.

E tudo nasceu pelo caminho comum da Igreja: o Sangue. O Sangue de Cristo, o sangue dos mártires, o sangue de Estêvão. Nada na Igreja pode subsistir sem ser regado a sangue.

Celebrando hoje a Conversão de S. Paulo, peçamos ao Senhor a graça de termos também, a cada dia, uma sincera conversão, uma verdadeira mudança, como a de S. Paulo.

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