DEVOÇÕES

 

Angelus. De Jean François Millet

A nossa vida espiritual é composta, em grande parte por devoções, ou pelo menos deveria ser...

Pelo final do século XIX, infelizmente, o rezar por devoção, foi cada vez mais posto de lado, em favor de uma "vida litúrgica" que o fiel deveria buscar. Nesse caso, o que não fosse litúrgico, oscilaria entre o ter pouco valor ou valor algum. Assim, por exemplo, a Devoção que se deve ao Santíssimo Sacramento fora do Santo Sacrifício da Missa, como as visitas ao Santíssimo, a Adoração do Santíssimo exposto, as Quarenta Horas etc vão caindo em desuso, o que vale é apenas o que for "litúrgico", como por exemplo, o breviário.

E, nesse mesmo caminho, a devoção à Santíssima Virgem e aos Anjos e Santos, também são apresentados como práticas de pessoas menos ilustradas. Tem-se quase um olhar de pena para aquela pessoa que caminha um percurso de joelhos, ou acompanha piedosamente uma procissão. São como que católicos de segunda categoria, que por uma carência de ciência litúrgica, recorrem a essas práticas...

Porém, esse pensamento, foi condenado pela Igreja, particularmente por S. Pio X e, mais claramente, por Pio XII. A liturgia, conquanto seja o ponto mais alto da vida cristã, não exclui, ao contrário, fomenta e é fomentada pelas devoções comuns ao povo católico e que, para mostrar a importância dessas devoções, os verdadeiros Papas não se cansaram de as enriquecer com graças, bênçãos e indulgências.

Compreendendo assim, gostaria de apontar algumas devoções que deveriam ser quotidianas aos fiéis católicos, e que, sem as quais, dificilmente poderíamos pensar numa autêntica vida espiritual.

Antes de tudo, a devoção ao Santíssimo Sacramento. Chamamos com o nome de devoção, embora saibamos que o culto à Divina Eucaristia é aquele máximo culto de adoração ao qual a Igreja denomina "latria".

A devoção ao Santíssimo Sacramento precisa ser diária na vida do fiel católico que buscará, ainda que com alguma dificuldade, visitar o Prisioneiro do Sacrário ao menos uma vez ao dia. Uma visita breve, tanto melhor se acompanhada pelos textos escritos por S. Afonso para essa ocasião. Se não é possível visitar o Santíssimo Sacramento numa Igreja, pelo menos saudá-l'O de longe ao passar por alguma Igreja, fazendo o sinal da cruz... E, se nem isso for possível, pensar algum tempo em Jesus Eucarístico.

Essa amizade cultivada diariamente, se derrama abundantemente quando o fiel se aproxima do Santo Sacrifício da Missa, assistindo-o com mais devoção, mais piedade, mais frutos.

Depois a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, particularmente nas primeiras sextas e sábado e a entronização de suas imagens nas salas de nossas casas.

A devoção à Santíssima Virgem, especialmente o Rosário, o Escapulário, a Medalha Milagrosa e a oração do Angelus.

A devoção ao Anjo da Guarda e à S. Miguel, recorrendo constantemente a eles, especialmente no inicio e no fim do dia, ao sair de casa, na hora das tentações.

E, dentre tantas outras tão importantes, a devoção aos Santos. A protestantização da Igreja Católica posta em marcha particularmente após o Concílio Vaticano II, nem tão lentamente assim, esmoreceu em muitos fiéis a devoção aos Santos. Há fiéis, até mesmo em meios ditos tradicionais, que não têm devoção por Santo algum. Devoção mesmo. De ir agarrado no andor... não têm.

Às vezes, se sabe a história dos santos, os seus ensinamentos... mas não se têm aquela "amizade do Céu". Aqueles a quem recorremos, em quem confiamos, em quem buscamos auxílio...

Não se trata de ter muitas devoções, mas de buscar ser fiel àquelas que se tem. 

Sejamos católicos fervorosos, devotos, para apressar o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual esperamos com tanta ansiedade!


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