VIDA ESPIRITUAL E TENSÃO

 

As cordas de um instrumento necessitam estar numa justa tensão para que o som seja belo


Quando se pensa em vida espiritual é natural que expressões como fortaleza, disciplina, rigeza estejam bem presentes.

Mas, pensemos num instrumento de corda. Há uma justa tensão à qual a corda deve estar submetida para que o som saia adequadamente, e se essa tensão for exagerada, a corda arrebenta.

Por isso, a primeira coisa para quem deseja uma vida espiritual minimamente acima do medíocre, é ter um certo roteiro relacionado ao seu dia onde práticas de devoção, oração, sacramentos, leituras estão presentes não como os tijolos entre as colunas, mas como as colunas entre os tijolos.

Ou seja, o tijolo preenche um espaço, a coluna sustenta a obra.

A oração sustenta a obra de nossa vida, os tijolos lhe dão mais firmeza, mas a coluna é a oração.

Porém, pode haver por inúmeras razões um cansaço na vida espiritual, um cansaço que geralmente começa em relação à uma prática de piedade e que, se não é tratado, logo se espalha por todas as outras práticas e o que deveria ser opus dei, ou seja, trabalho de Deus, oração; se torna onus diei, o peso do dia.

Nessa circunstância, sem sequer precisar comunicar o diretor, o fiel pode substituir algo que lhe esteja custando, por algo mais aprazível. Por exemplo, substituir durante um tempo certas orações em honra de tal santo, pela leitura de um livro espiritual que lhe conquistou a atenção de uma forma muito forte.

Ou levar para a visita ao Santíssimo, por exemplo, a biografia de tal santo por quem “apaixonou-se”.

Isso é importante, porque a vida espiritual, tal como a do corpo, não pode ser feita apenas de negações, obrigações e responsabilidades.

Também os deveres de estado devem ser sempre bem ponderados, porque, juntamente com os deveres de estado se deveria encontrar algumas alegrias próprias dos mesmos deveres. Então uma mãe que busca alimentar rápido o seu filho para rezar o terço, deixe o terço atrasar um pouco, e se divirta, com o pequeno caos que o filho faz ao tomar a papinha.

Enfim, querido amigo, não dá para fazer a vida espiritual uma constante Disneylândia, mas busque jamais perder a alegria de dizer: “Agora somos nós, meu amado Senhor!”

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