LIÇÕES DE S. LUÍS


 


Algo comum nos Santos é que, tendo vivido em certos momentos históricos, suas vidas permanecem  eloquente exemplo em todo o tempo e lugar. E, mais ainda, por vezes quanto mais passa o tempo, mais ainda eles se tornam atuais.

Hoje, S. Luís Gonzaga se torna um exemplo ainda mais forte do que há três anos: falamos de um Santo que morreu de peste. Mas não morreu de peste estando acastelado em alguma fortaleza eclesiástica, fazendo isolamento social e, sendo seminarista, fazendo alguma live sacramental.

Morreu de peste, porque foi cuidar de quem estava com peste.

Em S. Luís Gonzaga estava viva a verdadeira misericórdia, como a de S. Francisco que beija o leproso, de S. Camilo que amava os doentes, de um S. Damião que começa seu apostolado dizendo: "Vós, leprosos!... e termina dizendo: "Nós, leprosos..."

Mas voltemos às lições de S. Luís: falamos de um jovem rico, nobre que abandona sua vida entre cortes e castelos para ingressar na Companhia de Jesus. Sua santidade não começa quando de sua entrada na Companhia: sua vida, mesmo num ambiente palaciano era repleta de virtudes, orações e sobretudo penitências.

Que padre não teria sido S. Luís! Quantas almas não teria convertido! Mas mais do que as almas que poderia converter, interessava a Deus a alma de S. Luís. 

Num olhar mundano a vida de S. Luís foi um desperdício: deixa um palácio para ser padre, e morre antes de ser padre e, pior, morre porque foi cuidar dos doentes...

E até mesmo num olhar aparentemente espiritual, porque Deus não fez um milagre não permitindo que S. Luís não contraísse a doença? (como aconteceu com os jovens de Dom Bosco na epidemia de cólera em Turim) Ou milagre talvez ainda maior, o curasse quando estivesse muito mal, ou mais ainda o ressuscitasse?

Deus não fez nada. E é esse nada que manifesta o tudo de S. Luís Gonzaga: dar sem esperar nada, ou melhor, dar esperando o Tudo. Se a morte o conduzia para Deus, para S. Luís ela era a maior dádiva, a maior recompensa que poderia receber por tudo o que fora a sua breve vida. Ele mesmo, numa carta de despedida dirigida à sua mãe, dirá que estava indo receber um bem imenso e imerecido que "tão parcamente desejara"...

S. Luís ensina, particularmente ao clero - embora fosse apenas seminarista - que não se morre "de véspera", mais ainda, que é melhor morrer no cumprimento de sua vocação do que viver abandonando os outros à sua própria sorte.

Que o imitemos ao menos nisso, uma vez que nem sempre conseguimos imitar sua pureza.


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