MEDITAÇÕES SOBRE A LADAINHA LAURETANA VIII

 

MÃE DO CRIADOR
Se essa invocação não estivesse presente na Ladainha Lauretana, talvez muitos teriam alguma resistência em afirmá-la. Por que o Criador não é Deus Pai? Nossa Senhora então seria Mãe do Padre Eterno?
Aqui, antes de tudo, é necessário compreender que a fé católica afirma que toda a ação fora do seio da Santíssima Trindade é comum às Três Pessoas Divinas, o Padre, o Filho e o Espírito Santo. Ainda que se atribua a criação a Deus Padre, a redenção a Deus Filho, e a santificação das almas a Deus Espírito Santo, quem cria, redime e santifica são o Padre, o Filho e o Espírito Santo.
Por isso, que não se pode afirmar que os judeus e menos ainda os muçulmanos "adoram conosco o Deus Único", Se não se compreende o Deus do Antigo Testamento como o Deus Uno e Trino, não se adora o Deus verdadeiro.
Se, por uma lado é verdade que cristianismo, judaísmo e islamismo são religiões monoteístas, por outro lado é equivocado compreender que adoramos o mesmo Deus, partindo do próprio princípio judeu e muçulmano que dizer que Deus tem um Filho seria uma blasfêmia.
O Deus do Antigo Testamento para nós católicos, é a Santíssima Trindade, não apenas o Padre, mas o Padre o Filho e o Espírito Santo.
Por isso, deve-se afirmar que Nossa Senhora é, verdadeiramente, Mãe do Criador, porque o Filho é igualmente Criador com o Padre e o Espírito Santo.
E essa invocação têm outra consequência doutrinal: sendo Mãe do Criador, Nossa Senhora possui um poder especial sobre toda a criação. Deus criou o homem para que dominasse todas as coisas, e quanto mais o homem refaz em si a face de Deus, mas a criação inteira é posta sob seu domínio.
Vemos muitos Santos que exerceram uma verdadeira autoridade sobre as criaturas, como S. Francisco e S. Antônio, por exemplo, a quem obedeceram pássaros, lobos, peixes etc.
Esses grandiosos Santos, porém, diante da Santíssima Virgem são apenas filhos pequeninos.
Se eles em determinados momentos exerceram autoridade sobre uma ou outra criatura, imaginemos o poder que Nossa Senhora exerce sobre toda a criação visível e invisível. 
Assim os peixes com seus malabarismos aquáticos o fazem em honra de Maria, os cantos dos pássaros são um louvor à Maria, a força das feras é uma homenagem a Maria.
Permita o Senhor, que a única criatura rebelde, o homem, todos os homens, prestem à Maria a devoção que Ela merece por ser Mãe do Criador.


MÃE DO SALVADOR
Quando o Arcanjo anuncia à Santíssima Virgem que Ela seria a Mãe de Deus, indica que o Filho que conceberia deveria chamar-se Jesus. Jesus quer dizer: Deus salva.
Assim, Nossa Senhora desde o primeiro momento em que concebeu o Verbo de Deus, sabia que gerava em seu ventre aqu'Ele que iria salvar o mundo. Não lhe eram desconhecidas as Escrituras sobre como se daria essa salvação, particularmente os Salmos e as Profecias de Isaías.
Desse modo, todo o sofrimento que estava destinado à Nosso Senhor Jesus Cristo era do conhecimento de Nossa Senhora desde o momento em que concebeu, e isso confirmou-se pela Profecia do velho Simeão.
Porém, Nossa Senhora não sabia em que momento isso se daria.
Então ao longo de toda a vida de Nosso Senhor, Nossa Senhora esteve sempre na expectativa de quando aqueles atrozes sofrimentos caíram sobre aqu'Ele que gerara em ventre.
A matança dos inocentes, a tentativa de apedrejamento em Nazaré... certamente causavam em Nossa Senhora uma dor imensa pela possibilidade de que já fosse nesse momento a hora em que se concretizariam os Salmos e as Profecias.
Nossa Senhora viveu sob esse martírio interior toda a sua existência, até o momento em que o Próprio Filho despediu-se d'Ela, após a última ceia, e se dirigiu ao Getsêmani. Ali, Ela compreendeu que havia chegado a Hora que seu Filho já Lhe falara nas bodas de Caná.
Se Cristo resgatou-nos por Seu Sangue, Maria Santíssima resgatou-nos por suas lágrimas.
Ela é verdadeiramente Corredentora, porque se por desígnio de Deus Padre, o Cristo deveria sofrer, foi igualmente seu desígnio que a Nossa Senhora sofresse ao Seu lado na Cruz.
Embora, o pecado original seja atribuído à Adão, não se pode diminuir em nada a participação de Eva. De modo infinitamente maior, se a Salvação é obra do Filho, o é com a participação da Santíssima Virgem.
Por isso, pertencemos também à Nossa Senhora. Se Cristo nos salvou na Cruz, Ela nos gerou na Cruz.
Ela é o dom que o Cristo Crucificado faz à humanidade, é o testamento de Jesus.
S. Bernardo faz um jogo bonito de palavras, falando sobre a troca que Jesus propõe à Nossa Senhora: ao invés do filho de Deus, receber o filho de Zebedeu... Mas Ela aceita e no filho de Zebedeu ela recebe todos os filhos de Deus, e de modo geral, todos os homens.




















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