SENTIDOS
Luís IX, São Luís, Rei de França, viveu na época florescente do trovadorismo, aquelas cantigas que envolviam guerras e amores e que encantavam muita gente. Porém, como o ser humano é marcado pelo pecado, também suas obras podem decair e se tornarem ruins, e algumas trovas eram demasiadamente sensuais.
O Santo Rei então proibiu que os nobres que residissem em seu palácio, e igualmente os servos ou todos os que estivessem no palácio cantassem essas músicas. E a um amigo em particular, que tinha uma linda voz, S. Luís ensinou o Ave, Maris Stella, para que quando estivessem juntos o cantassem em honra da Santíssima Virgem.
Há um ponto da filosofia de Aristóteles que vem bem a calhar nessa nossa reflexão: "Nada há no intelecto sem que antes tenham passado pelos sentidos". Ou seja, o que vemos, ouvimos, tocamos etc vai para o nosso intelecto, para a nossa mente, e, uma vez lá, só Deus sabe o que pode acontecer.
Pensemos por exemplo no tempo em que perdemos com coisas inúteis: redes sociais, televisão, novelas, séries... não são essas coisas e o que elas contém que muitas vezes nos distraem na hora da oração, ou influenciam o nosso modo de falar com o próximo?
Há algum tempo, a Igreja tenta "reconciliar-se com o mundo", mas o problema é que o mundo não parece estar muito interessado em "reconciliar-se com a Igreja".
E isso faz com que muitos cristãos tentem de todos os modos acolher o que o mundo oferece com a idéia de que o mundo é bom: "essa música tem algumas coisas indecentes, mas até que o refrão tem algum valor...", "essa novela até que tem umas coisas bonitas"...
Nosso Senhor nos exortou tantas vezes sobre a incompatibilidade entre os seus discípulos e o mundo! É claro que Nosso Senhor não se referia às árvores e aos coelhinhos, mas referia-se a todo esse enredo de divertimentos imorais, modas indecentes, costumes injustos, poderes corrompidos... E é com esse mundo que estamos sempre negociando um pouco de atenção, de divertimento, de entretenimento.
Não reclamemos de não conseguir rezar bem, se alimentamos nossa mente com tanta sujeira.
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