PEDRO

 

Uma das cenas mais belas do Evangelho de S. João é a pesca milagrosa após a Páscoa.

Cheio de sentimento, o Santo Evangelista narra um Pedro que parece ter voltado a ser Simão. O retorno de um Simão Pescador de Peixe, em vez daquele Pedro Pescador de Homens sobre o qual o Senhor tinha edificado a Sua Igreja. Mas há entre os discípulos após a ressurreição uma renovada união, não abandonam Pedro, se vai; "nós também vamos contigo".

E nenhum sucesso. Toda a noite e nada.

Nosso Senhor aparece, mas os discípulos não o reconhecem até que se repete o milagre da pesca. E diante do milagre, o discípulo amado, exclama: "É o Senhor!", é o ponto mais alto da cena.

E Pedro, escuta a voz daquele discípulo.

O amor de João completa-se com a docilidade de Pedro, que mesmo sendo o primeiro Papa, reconhece a sua fraqueza e se deixa converter por S. João. E lança-se ao mar ao encontro de Jesus!

E ali Jesus renovará o amor de Pedro.

Imaginem, meus amigos, se Pedro dissesse a João: "Cala-te! Não és mais discípulo! Eu te expulso do grupo dos apóstolos! Você acha que se fosse Jesus eu não saberia?!"

Não! Pedro nem conversa. Se veste e se joga ao mar, tamanha a sua alegria em ouvir de outro que ali estava o Cristo que ele não tinha sido capaz de reconhecer.

João por humildade diz: "É o Senhor!". Pedro por humildade ouve a voz do mais novo dos Apóstolos.

Assim os fiéis aprendem que todos na Igreja devem zelar um pelo outro, ainda que esse outro lhe seja superior, como Pedro era superior a João. Esse zelo consiste em alertar, exortar e até mesmo corrigir se vê que o outro caminha para o erro. E quanto mais alta é a posição da pessoa na Igreja, se tropeça, mais gente leva ao erro. É justamente por reconhecer o valor da hierarquia e a importância do clero que um fiel leigo pode e deve corrigir um padre, um bispo ou mesmo um Papa.

Se a hierarquia se afasta da verdade, alguém deve gritar: "É o Senhor!", para que todos se lancem ao encontro do Cristo que tantas vezes se utiliza do que é menor para salvar o maior.