MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR VI




 Diz a Esposa no Cântico dos Cânticos: "minhas mãos gotejam mirra."

A Paixão do Senhor é a consumação da união mística entre Cristo e a Igreja, e particularmente com cada alma.

A Cruz é o leito nupcial das almas.

A Igreja tem as suas mãos que gotejam mirra, é a sua Paixão. A Paixão da Igreja começa em sua Cabeça, Cristo, e unge todo o Corpo Místico, tornando-os co-participantes da Paixão do Senhor. 

Quando subiu aos céus, o Senhor deixou a sua Igreja em perseguição, e perseguida Ele a encontrará quando retornar para julgar a todos. Mas do mesmo modo que em Cristo os sofrimentos foram num crescendo desde o seu nascimento até a plenitude na cruz, assim também é necessário que os sofrimentos da Igreja cresçam até a consumação dos séculos. 

Por isso, tantos Santos julgavam próxima a vinda do Senhor, por compreenderam que as perseguições contra a Igreja jamais cessavam.

Mas, o caminho que vemos é que ao longo dos séculos o que diferencia as perseguições da Igreja e sua intensidade é o fato de que, sem diminuírem os inimigos externos, cresce a olhos vistos os inimigos internos.

Sempre na Igreja houve homens maus, mesmo na hierarquia e na mais alta hierarquia. Mas a intensidade dessa maldade nos dias atuais não há com que se comparar.

À alma fiel não resta senão dizer com Jeremias: "não há dor como a minha".

A Igreja goteja mirra. As almas fiéis gotejam mirra.

O Cristo em estado de vítima na Santíssima Eucaristia, se entrega à Igreja-vítima, às almas-vítimas, como fortalecimento para não caírem na apostasia da cumplicidade, da omissão, do silêncio.

Se a Paixão em Cristo durou por três horas, em sua Igreja durará até o fim do mundo pelo sacrifício dos seus membros em serem fiéis a Cristo, à verdade à doutrina.

E cada vez mais se percebe que chega o tempo de se escolher. Cada vez mais é evidente que há um mundo convidando a Igreja à descer da Cruz. E quantas almas caem nesse convite. Quantos renunciam ao mandato de ensinar, trocando-o pela conveniência humana de "dialogar".

E tal como Cristo a Igreja é traída.

Já está sendo crucificada? Falta muito? Falta pouco? O Senhor e só Ele sabe.

Mas quando a Igreja gritar o seu "por que me abandonastes?" Se cumprirá a profecia de Isaías: "E Ele te dirá: Eis-me aqui!"


Comentários