MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR IX


Stat crux, dum volvitur orbis.
A cruz permanece, enquanto o mundo gira.

Stat crux... Não foram poucas as vezes em que por Providência ou coincidência, em lugares destruídos, a cruz permaneceu intacta. Talvez um dos últimos casos seja o nunca suficientemente lamentado incêndio de Notre Dame de Paris. Ali, como se pode ver na imagem acima, no meio dos escombros não só está de pé, mas parecia brilhar ainda mais (como testemunhou o próprio artista que fez essa cruz, que é uma obra recente na Catedral).

De algum modo, a feiura dos escombros, o tom cinza e escuro que pareceu dominar todo o templo, deixavam mais evidente aquela cruz dourada.

Stat crux, dum volvitur orbis... A cruz parece indicar aos fiéis o quanto é efêmero tudo o que é do mundo e eterno tudo o que é de Deus. Todo lo pasa; Dios no se muda, recordava S. Teresa de Ávila, tudo passa; Deus não muda.

A Cruz é o que Deus deixou nesse mundo como testemunha do efêmero e do eterno, do contingente e do essencial. Quantas gerações já passaram, quantos males e guerras, quantos amores e paixões, quantas tristezas e alegrias já desfilaram pelas cruzes erguidas pelos caminhos desse mundo. Quanto que era, e já não é mais... E a cruz ali.

Uma testemunha de eternidade.

Sendo do desejo de Deus, divinizar-nos, como recordava S. João da Cruz, e sendo próprio da divindade a eternidade, o Senhor nos apresenta a cruz como instrumento de eternização. Aqueles que se agarram à cruz, que se unem a ela, na intensidade em que se unem, se tornam eternos, participantes da natureza divina.



 

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