SÉTIMO DIA DA NOVENA À NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
Na mensagem que comunicou a S. Catarina Labouré em julho de
1830 Nossa Senhora fala de acontecimentos religiosos e políticos cuja ligação é
importante que percebamos. Em resumo, Nossa Senhora fala da derrubada do trono
e do altar, alma, se é que podemos dizer que tinha uma, da Revolução Francesa,
ocorrida antes das aparições em Rue du Bac, mas trazendo conseqüências na França
e no Mundo não só em 1830, mas ainda nos dias atuais.
A Revolução Francesa
ocorrida de 1789 fez correr um rio de sangue pela França, sob a bandeira da
igualdade, fraternidade e liberdade cabeças e mais cabeças caíram da
guilhotina. Mas não seria errado pensar que muitas dessas cabeças eram ligadas
à monarquia, como o próprio Rei Luís XVI e a Rainha Maria Antonieta, seus
parentes, cooperadores e amigos, mas também também freiras, frades, padres e
bispos foram guilhotinados, dando ao povo – como foi o caso do próprio Rei – um
exemplo admirável de serenidade e de certeza de Deus e da vida eterna.
Luís XVI ao ser conduzido à guilhotina, ia rezando o Ofício
dos Mortos no seu Missal. Ao chegar, tentou dizer algumas palavras, mas os
tambores abafaram a voz do Rei. O carrasco foi amarrar suas mãos, mas ele se
negou, julgando uma humilhação absolutamente desnecessária, mas o confessor do
Rei, aproximou-se e disse-lhe que também a Nosso Senhor tinham amarrado as mãos
no Horto das Oliveiras, ao ouvir isso, o Rei estendeu as mãos para que sua
morte fosse mais parecida com a de Nosso Senhor e o carrasco amarrou suas mãos.
Um convento inteiro de carmelitas foi conduzido à
guilhotina, enquanto as freiras cantavam a Salve Regina, com vozes cada vez
mais diminuídas até que, por fim, foi cortada a cabeça da última voz.
A Catedral de Notre Dame em Paris foi profanada em Templo da
Razão. A Sainte-Chapelle construída para abrigar a relíquia da coroa de
espinhos por S. Luís IX foi transformada em arquivo. O óleo que desde Clóvis
ungia os reis franceses, e que tinha descido dos céus, inumeráveis relíquias,
imagens, tudo foi destruído. Só não escapou o que almas generosas esconderam
com o risco de serem descobertas e mortas por traição.
A pele dos condenados era arrancada e nelas escritas a fogo
os três ideais: igualdade, liberdade, fraternidade.
Uma guerra fratricida assolou a França. Sacerdotes foram
obrigados a jurar obediência ao governo, outros viveram exilados ou escondidos
administrando os sacramentos de forma clandestina em casas mais longes dos
centros das cidades... assim fez sua Primeira Comunhão S. João Maria Vianney.
A última região a cair foi justamente a Vandée, onde pregara
o missionário S. Luís Maria de Montfort...
O fim da Revolução não causou o fim de suas idéias. Os
soldados de Napoleão à medida em que conquistavam a Europa, espalhavam entre o
povo as ideias da Revolução, ocasionando a derrubada das monarquias católicas e
dos fundamentos da cristandade que ainda restavam de pé. Um grande sentimento
anti-clerical, anti-Igreja, tomou posse de muitas pessoas na França e na
Europa, será ele que desencadeará mais tarde unido à maçonaria e à Revolução
Comunista de 1917 a perseguição à Igreja, particularmente na Espanha em grandes
proporções.
Tudo que lembrasse a Igreja, Deus e a monarquia precisavam
ser extirpados do coração do povo. Deu-se novos nomes aos meses, aos dias, às
festas... Introduziu-se o divórcio para a dissolução da família. Vários costumes
imorais foram colocados como algo normal e comum para as pessoas.
Nada disso ficou - e não fica hoje - alheio à Santíssima
Virgem. Ela chora essas desgraças e as que ainda estariam por vir e que parecem
concretizar-se além do absurdo em nosso tempo. Nossa Senhora não chora apenas
pelos males da Igreja (que particularmente hoje são tantos), chora pelos males
da sociedade, da política, que se afasta a cada dia da Lei de Deus atraindo
sobre si todo o tipo de desgraça.
Nossa Senhora olha para os países, e chora como chorou Nosso
Senhor sobre Jerusalém: “Ah, se tu conhecesses aquele que pode trazer-te a
paz...” O mundo inteiro quer paz, mas ninguém deixa reinar aquele que é o único
que pode ser chamado de Príncipe da Paz. Uma paz sem o Reinado Social de Nosso
Senhor Jesus Cristo é uma paz instável, frágil, quebradiça.
A monarquia em si traz um quê de sagrado, mas também a
república pode se tornar um ambiente propício para o Reinado de Cristo na
sociedade, e é isso que Nossa Senhora deseja. Toda tristeza humana tem sua
origem na negação dos homens em permitir que Cristo reine. Ainda hoje,
comitivas e comitivas marcham atrás de Cristo gritando-lhe com blasfêmias: “Não
queremos que reine sobre nós!” “Não temos outro rei, senão César!”
Como dói nessa Mãe do Rei e dos súditos a resistência destes
em acolher aquele. Resistência que se levanta de pecado em pecado: divórcio,
aborto, tribalismo, comunismo, relativismo, ideologia de gênero, perda da
liberdade, esfacelamento da propriedade privada, liberação de drogas, eutanásia
etc...
É necessário restabelecer o que a Revolução fez desabar. Altar
e Trono.
Deus e governantes que temam a Deus.
Sem isso, sem paz, sem nada. Exatamente como estamos.
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