SANTIDADE

 

A Igreja é divina, santa e imortal. 

Porém, enquanto nesta terra há uma certa necessidade de organização e estrutura. Não me refiro aqui à Hierarquia desejada e instituída por Nosso Senhor, mas à estruturações suplementares que hoje encontramos sempre mais complexas.

Essas estruturações jamais podem se opor à função primordial da Igreja que é salvar as almas, levar à Santidade. Ao contrário, devem estar ao serviço dessa missão essencial. Porém nem sempre isso acontece, e acaba que as coisas de Deus acabam por nos afastar de Deus.

Bento XVI recordava que ao longo dos tempos, surgem organizações, estruturações que deveriam servir para que voássemos mais alto, rumo a Deus. Mas, recordava o Papa, que muitas vezes essas estruturas se tornam um peso que nos impedem de alçar esse vôo e nos tornamos todos pássaros soterrados sob estruturas secundárias.

Talvez a atual pandemia tenha desacelerado um pouco esse ritmo, mas como víamos pessoas cansadas ou completamente "sem foco". Cansadas por causa de uma estrutura que exige uma infinidade de reuniões, debates, consultas, coordenações e, por fim, outras estruturas. Ou "sem foco" porque reduziram a Igreja a esse entre e sai de comissões, ministérios, pastorais e movimentos.

Soterrados.

Assim se encontram muitas almas. Perderam a liberdade e alegria de voar para ocupar-se do que deveria ser apenas instrumentos de vôo. 

Diante disso, a Igreja nos apresenta hoje S. Carlos Borromeu. Um grande Santo que antecipou-se ao próprio Concílio de Trento e fez de todas as suas funções um grito à Santidade, fosse secretário particular do Papa ou Cardeal Arcebispo de Milão esse Santo Pastor só tinha uma preocupação: a santificação de seu rebanho.

Para tal ocupou-se particularmente da formação e da santificação do seu clero, porque padres santos geram almas santas. Mas também vivendo em épocas de graves epidemias físicas e espirituais, soube lutar para que a nenhuma alma faltasse o auxílio da graça. 

Em relação à peste agiu de forma admirável indo do espiritual ao corporal, ou seja, abriu hospitais, deu instruções de não contaminação, mas também fez procissões penitenciais, onde muitas vezes ele mesmo ia descalço e carregando uma grande cruz à frente do povo, para implorar o perdão de Deus. Para ele, a peste, era um castigo de Deus pelos nossos pecados. 

Mas também foi um inimigo implacável de uma segunda peste pior ainda que a primeira: a heresia. O desvio do ensino correto da doutrina, o qual combateu e fez combater.

Embora separem-nos 400 anos, percebemos como S. Carlos seria bem-vindo em nossos tempos de hoje. Oremos para que Deus suscite no clero zelosos pastores como este a quem hoje pedimos instantemente a intercessão.

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