NOVÍSSIMOS 4
Embora em nossas recentes reflexões o consideremos por último, o Juízo é, na verdade o segundo dos Novíssimos, seguindo a Morte. Uma vez que aconteça a separação da alma e do corpo, a alma é imediatamente julgada por Deus. Esse julgamento é imediato, conhecendo a própria alma se viveu ou não na amizade com Deus e seguindo desde então o seu destino: paraíso, purgatório ou inferno.
A ilustração acima é muito educativa, a alma que será condenada apresenta-se a Deus com o rosto coberto, pois se visse a Deus por um só segundo, aquela alma seria inundada por uma alegria que nem a eternidade no inferno seria capaz de retirar.
A alma condenada conhecerá não apenas os seus pecados, mas todas as graças que Deus lhe concedeu para que vivesse na santidade, a intercessão da Santíssima Virgem e dos Bem-aventurados e todos os bens espirituais que rejeitou ao longo da vida.
Já a alma bem-aventurada compreende o quanto bem lhe fizeram os sofrimentos e cruzes que padeceu, reconhecerá a presença de Deus lhe sustentando nos momentos de sofrimento, contemplará a Deus desde o momento em que fechar os olhos para esse mundo. Contemplará a Santíssima Virgem em todo o seu esplendor, os santos e as pessoas santas de quem se havia separado pela morte.
E aqueles que forem ao Purgatório também não terão contemplado a Deus e compreenderão o quão mal lhe fizeram a tibieza, o relaxamento na virtude, a preguiça na oração... Compreenderá que se tivesse correspondido um pouco mais à graça, dali iria direto para visão beatífica e que não irá unicamente por sua tibieza. A partir de então, sofrerá um fogo semelhante ao do inferno, só que capaz de purificar a alma de suas faltas veniais e pequenas imperfeições que lhe impedem de poder contemplar a Deus.
Nós sabemos que "dos mortos não se fala mal", mas às vezes acontece o oposto, o extremo oposto, e todos os mortos são tratados como se já estivessem canonizados... É claro que às vezes para uma criança dizemos que: "Vovô foi pro céu", mas essa afirmação jamais pode nos levar a deixar de rezar por todos os nossos falecidos que podem estar no Purgatório; e, se esse for o caso, necessitam muito da nossa oração.
Todos sabemos que o Pe. Balley, que formou o futuro Cura de Ars, quando estava em seu leito de morte entregou ao jovem Pe. Vianney todos os instrumentos de penitência de que fazia uso e mandou que os escondesse porque "se as pessoas virem isso, acharão que sou um santo, não rezarão por minha alma e me deixarão no Purgatório até o fim do mundo..."
É como aquela piada de que o padre elogiava tanto um morto em sua missa de corpo presente que, num momento a viúva se levanta e vai até o caixão. As pessoas esperavam que chorasse ou tivesse alguma reação emocionada, mas ela só foi ver se era mesmo o marido dela que estava ali... porque o padre falava tão bem, elogiava tanto, engrandecia tanto, que ela achou que tinham trocado o morto...
O amor, o carinho e o respeito que temos pelos que partiram devem exatamente nos levar a rezar por suas almas, porque por melhores que fossem certamente tinham também suas faltas e imperfeições que não vamos comentar, mas rezar e rezar muito.
A nossa oração pelos mortos agrada muito a Deus.
Algumas almas generosas, se ofereceram a Deus como vítimas pelas almas do Purgatório, pedindo que lhes enviasse sofrimentos físicos e morais desde que através deles libertasse muitas almas do Purgatório. Quando S. Francisco consegue a indulgência da Porciúncula, sua frase resume o desejo de toda alma verdadeiramente católica em relação ao próximo: "Quero levá-los todos ao Paraíso!"
Que esse mesmo desejo esteja presente em nós não apenas por aqueles que convivem conosco, mas também por aqueles que já não convivem mais.
Comentários
Postar um comentário