SE

 

Já falei bastante mal do "se" aqui...

Mas hoje vou abrir uma exceção para falar bem de um "se" . Penso que, às vezes, certas frases que dizemos são um lampejo de nossa própria essência, dizem sobre nós muito mais do que os substantivos e verbos concatenados. 

Por exemplo, quando S. João Paulo II fala do sacerdócio como "dom e mistério" no fundo compreendemos que é como ele compreendia a si mesmo diante de Deus.

Mas estou falando de um "se", e, sem mais delongas, o "se" em concreto é: "se eu for morto por um índio, quero que ele seja absolvido". 

Quem escreveu isso foi S. Junípero Serra. José Miguel nasceu na Espanha e desde cedo sentiu o desejo de consagrar-se a Deus. Fez-se franciscano e escolheu o nome do mais simples, humilde e... divertido dos primeiros companheiros de S. Francisco: Junípero.

Sua grande inteligência o fez logo professor no convento e tudo indicava que cresceria bastante na hierarquia da Ordem, quando pede para vir ao "Novo Mundo" evangelizar os índios.

O pensamento de S. Junípero e da imensa maioria de seus companheiros era bem simples: todos aqueles que não foram batizados são escravos do demônio que os mantém presos nesse mundo através das falsas religiões e os levará para o inferno na vida futura.

Por isso TEMOS que ir anunciar o Evangelho para esses povos, prepará-los para o Batismo e arrancar-lhes das garras de Satanás. 

O método era criar pequenos centros da fé e aproximar-se dos índios por meio de historias, da música etc. O índio era então convidado a permanecer ali e ser instruído na fé católica mas também na agricultura, pecuária... para ser capaz de produzir seus alimentos sem precisar ficar vagando...

Desses ajuntamentos nasceram grandes cidades particularmente na Califórnia como San Francisco, San Diego, Sacramento etc.

Como a Igreja proibia a escravidão dos índios, e os missionários eram zeladores vigorosos dessa ordem, nem sempre os outros colonos tinham muito apreço pelos missionários. E também não era todo índio que era dócil aos missionários, muitas vezes levando-os ao martírio. 

É justamente após uma revolta dessas onde alguns frades foram atacados que S. Junípero escreveu nosso famoso "se eu for morto por um índio, quero que seja absolvido".

Ao escrever isso, S. Junípero mostra o seu grandioso amor a Deus, imitando a Jesus que morre pedindo o perdão para os algozes, mas também mostra o profundo amor que sentia para com os índios que considerava como crianças que necessitam aprender o mais básico sobre a fé e a moral.

Ele os via como crianças e eles o viam como um pai. Chamavam-no de "padre velho" por ser realmente mais velho que os demais missionários e, por isso, o cercavam de mais carinho e afeto.

É esse homem santo, canonizado recentemente pelo Papa Francisco, que o movimento Black Lives Matter, ou pelo menos alguns de seus seguidores, quebrou, vandalizou e derrubou suas imagens, acusando-o de oprimir os índios e forçar sua conversão.

Movimentos que pregam o tribalismo, ou seja, o homem perfeito e o índio: vive em paz com tudo e todos, até que chega a civilização  cristã e destrói sua cultura e identidade. Mentira!

A Igreja sempre respeitou e até mesmo acolheu em seu seio todas as culturas e purificou-as pela palavra do Evangelho que é o grande anseio de todo coração humano. Evangelizar, converter é um ato de extremo amor ao próximo e de obediência a Deus que disse: "Ide e anunciai"!

Precisamos de missionários! Mas não esses que confundem missão com ONG.  Missionários que como Cristo tenham sede de almas. 

S. Junípero perdoe os sacrilégios e suscite homem capazes de dar a vida pelo Senhor.



Comentários