GLÓRIA

 



Nesse dia 15 de agosto celebramos a Assunção da Santíssima Virgem ao céu. Certa vez o então Cardeal Ratzinger definiu a liturgia como "festa da fé", expressão que não podemos entender fora de seu contexto.

Nesse sentido, o futuro Papa dizia que as celebrações litúrgicas, as comemorações do calendário romano não são um fim em si mesmas, mas trazem uma realidade de fé a ser recordada para incremento da verdadeira fé cristã.

Seguindo esse entendimento, compreendamos os mistérios da fé que a celebração de hoje nos faz olhar:

A morte.

A morte não é uma fatalidade, uma falta de pericia médica. É para onde caminha todo ser humano. Todos morreremos. Se não morrermos hoje, talvez amanhã.  Se não vitimas de uma violência ou doença será pela exaustão de nosso pobre corpo. Morreremos. A Virgem morreu. O próprio nome "dormição", não exclui a morte. Era usual entre os primeiros cristãos referir-se à morte como adormecer no Senhor.

Como concebida sem pecado a Virgem, poderia não passar pela morte, mas o quis, para em tudo seguir os passos de seu Filho. Também nós não fracassamos ao morrer, apenas seguimos os passos de Nosso Senhor.

O Paraíso 

Sem a fé no Paraíso, a morte seria insuportável. E o Paraíso é sermos preenchidos pela gloria de Deus que sacia sem saciar. Durante a vida neste mundo, o Senhor nos convida a dilatarmos nosso coração para que tanto mais glória caiba nele na eternidade. O Paraíso é a contemplação da face de Deus que é o único verdadeiro desejo do coração humano. Lá, não perderemos nossa identidade, nos conheceremos a nós e aos outros, mas a grande alegria será vermos a face de Deus. Como a glória é proporcional ao tamanho do Coração, concluímos que não há no Paraíso glória maior que a de Maria, que teve seu Coração Imaculado rasgado na cruz pelo gládio de dor e dilatou-Se para caber o mundo inteiro e mil mundos.


Transcendência

Para que existe a Igreja?

De vez quando é bom buscarmos essa resposta. Porque durante muito tempo até mesmo a linguagem favorecia o reto entendimento da missão da Igreja: salvar as almas. Num tempo recente substitui-se almas por pessoas e a Igreja passou a preocupar-se com realidades que ainda que fossem necessárias e justas, não faziam parte da sua missão. E hoje o foco ainda foi mais perdido, considerando-se a missão da Igreja salvar o planeta. Assim, por exemplo, o apostolado para trazer mais gente para a Igreja é menos importante que soltar tartarugas. E a Igreja perde cada vez mais a sua identidade, até o cúmulo do julgar-se a si mesma menos essencial que uma loja que dá banho em cães.

Existe um céu, uma glória reservada,  uma vida futura!!!! Se a Igreja por medo de sua essencial transcendência deixar de anunciar isso, quem o fará?

Termino com um fato da vida de S. Francisco de Borgia. Ele, enquanto duque de Gandia, era muito próximo à Rainha e realmente admirava não só suas belas virtudes, mas a candura e beleza de seu ser. Morta a Rainha, cabe a ele transportar durante uma viagem de alguns dias para a sepultura definitiva. Num ultimo adeus, abre o caixão e horroriza-se diante da tétrica cena.

Ao ver aquele corpo, outrora tao formoso começando a despedaçar-se, os fluidos de cheiro nauseabundo que escorriam de seu cadáver, a cor outrora nívea agora transformando-se num misto horripilante... Francisco manda fechar o caixão e diz resolutamente:

"Jamais servirei a quem possa morrer"!

E nós hoje abrimos uma vez o sepulcro de Maria. Vemos as ervas aromáticas, as flores graciosas e todos os outros sinais de vida que transbordam daquela sepultura, e mais: não há corpo! 

Ela é a nossa Rainha que agora jamais poderá morrer!

Alistemo-nos sob seu exército, brademos seu Nome como grito de guerra e veremos fugir as potências infernais.



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