CONTRÁRIO



Nosso Senhor muitas vezes nos aponta algo que podemos chamar "a via do contrário". 

O que significa isso?

Ora, leiamos com atenção o Santo Evangelho: os humildes são elevados e os poderosos derrubados, o mais importante é o que mais serve, é perdendo que se ganha, morrendo que se vive...

Precisamos nos acostumar com os contrários de Deus, especialmente na nossa vida de oração. E o Senhor não cessa de nos recordar deles. Por exemplo, quando pedimos ao padre uma bênção, que sinal ele traça sobre nós? Uma cruz.

E muitas vezes não compreendemos que a cruz é uma bênção. Ao contrário, pedimos a bênção para livrar-nos das cruzes.

Quantas pessoas pedem a Deus paciência, mas não compreendem que só se é paciente em meio a tribulações. Se Deus quiser tornar uma alma paciente permitirá tribulações que a tornem paciente.

Pedimos a Deus que nos faça mais confiantes, e estranhamos que nos encontremos às vezes à beira de um abismo onde só nos restará... sermos confiantes...

Então Deus é mal, e faz brincadeiras de mal gosto com nossas orações?

Claro que não.

Uma pessoa diabética, com 180 quilos entra numa academia e busca um professor de ginástica. O que ela espera? Que o professor peça uma pizza calabresa e uma coca-cola para conversarem sobre como perder peso?

Não se perde peso conversando. 

Essa pessoa ao entrar ali sabe que terá privações, sentirá dores, suará, se cansará, para poder ser mais saudável. Assim faz Deus. 

Podemos ler todas as biografias de S. Francisco de Sales, o Santo da mansidão e da paciência (pelo menos externamente, para quem o conhece um pouco melhor) e não nos tornaremos pacientes. O que nos tornará pacientes são os sofrimentos (na maior parte das vezes pequenos e vez por outra algum grande) da vida, enfrentados com a certeza de que tudo concorre para o bem, com sentido espiritual e, se não for pedir muito, bom-humor.

Existe uma certa alusão da vida espiritual com certos animais. 

Nesse caso, talvez possamos ter mais "devoção" ao pato. O pato não frequenta uma escola de natação, nem a dona pata lhe dá conferências de como nadar: o joga na água. Aprende-se a nadar nadando.

Assim, com infinita ternura, faz Deus conosco. Atende as nossas preces, muitas vezes concedendo o que não pedimos, para que alcancemos com a graça d'Ele o que pedimos.


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