CONFISSÃO

 



Celebramos hoje a Festa de S. Agostinho.

A primeira vez que ouvi falar desse Santo foi um sacerdote que numa homilia disse assim: " E ele acabou escrevendo um livro confessando todos os seus pecados!", eu era criança e essa frase me impactou: "um livro contando todos os pecados!" Ora eu pensava que ele devia ter tido muita coragem, ora muita vergonha...

Até que um tempinho depois descobri na biblioteca da escola um livro chamado Confissões e o autor era exatamente ele: Santo Agostinho.

Fiquei na dúvida se pegava o livro ou não. A curiosidade me venceu, afinal quais seriam os pecados de um santo? E li.

É verdade que Santo Agostinho fala também de seus pecados nesse livro, mas o livro não é uma "confissão pública" como o nome poderia parecer. Só mais tarde compreendi que em latim confessar pode ser entendido como "confessar" um pecado ou também (e, às vezes, sobretudo) confessar, proclamar a grandeza de Deus.

Ao escrever Confissões, S. Agostinho não queria fazer auto-acusações, mas Confessar o Deus, Pai das misericórdias, que o acompanhou em todos os momentos. S. Agostinho queria proclamar que ainda que não busquemos a Deus ou o busquemos em lugares errados, Ele continua nos buscando para o lugar certo, assim Agostinho podia chamar a Deus de: intimior intimo meo - mais íntimo que o meu próprio íntimo, ou seja aquele que está mais em mim do que eu mesmo, se quisermos explicar essa belíssima expressão.

A grande confissão de S. Agostinho, seu grande louvor, é justamente a Deus que mora em nosso coração, não obstante teimamos em buscar fora aqu'Ele que já está dentro.

Confissões é, em resumo, um hino de ação de graças. É como se S. Agostinho pusesse os "óculos da gratidão", e visse toda a sua vida nessa perspectiva de ação de graças, do Deus presente, do Deus que não o abandonou jamais.

Queridos amigos, eu também gostaria de saber onde a gente compra esses óculos. Talvez alguma ótica especializada em açãodegraçaszition, multifocal, para vermos que em nenhum ângulo da nossa vida faltou aquele que intimior intimo meo. Eu não posso jamais estar sem Ele, porque Ele não me larga, esteja onde estiver.

Como seríamos melhores, mais santos, se fôssemos mais agradecidos, mais capazes de confessar que Ele sempre esteve conosco, ainda que nem sempre estivéssemos com Ele.

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