ALMA


 "Deus não deixará perecer o filho de tantas lágrimas!"

A imagem acima mostra o encontro de S. Mônica com S. Ambrósio, que, conhecendo o grande desejo que aquela mãe nutria pela conversão de seu filho, e os sacrifícios, orações e lágrimas abundantemente derramadas, pode assegurar à Santa Mulher que as suas orações encontrariam eco no Paraíso.

E assim foi.

Só que... depois de 33 anos.

Se pararmos para analisar a vida de S. Agostinho antes de sua conversão dentro dos parâmetros modernos, poderíamos dizer que "não havia nada de mal"... Era um grande filósofo, famoso orador, tinha uma condição financeira boa, tinha uma mulher (sem ser casado) e com ela tinha um filho. Mas a mãe só chorava.

Mônica é daquelas mulheres como uma Branca de Castela (Mãe de S. Luís IX), que dizia ao filho: "Prefiro ver-te morto com lepra do que tu cometas um só pecado mortal", ou de uma Santa Rita que pede a Deus que leve seus filhos ao Paraíso antes que cometam um pecado mortal que seria vingar a morte do pai.

A Igreja sempre usou uma palavra para considerar o mais importante do ser humano: alma.

A alma é aquilo que, se está em risco, todo o resto perde o seu valor. E o que põe em risco a alma precisa ser combatido com muito mais vigor do que se combateria uma serpente em casa.

Para Mônica pouco importava os sucessos pessoais de Agostinho se sua alma estava em risco. E estava.

Ver almas. É o que podemos pedir ao Senhor hoje.

Ver almas, ou seja, enxergar além da casca.

E essa foi a atitude dos Santos.

Assim a Santa Esposa têm como prioridade de sua vida a alma de seu Esposo, que lhe foi confiada por Deus. E o mesmo o Santo Esposo, como os Santos Pais, como as Santas Religiosas que se separam do mundo para sacrificarem-se pelas almas. Como os Santos Sacerdotes, que dirão como S. João Bosco e S. Francisco de Sales: Da mihi animas. Coetera tolle. Dá-me almas. Tomai o resto.

E cuidar de uma alma requer paciência, tempo, perseverança...

Talvez por isso Nosso Senhor tenha escolhido tantos pescadores para serem seus primeiros Apóstolos. Paciência de pescador! 

Fisgou!

Puxa! 

Calma!

Tá quase!

Devagar...

Ai, arrebentou a linha.

Joga de novo!

Espera...

E a espera de Mônica foram suas lágrimas. Não adiantava mostrar para o seu filho que o seu sucesso era na verdade um fracasso, que o seu amor, na verdade era egoísmo e que toda a sua sabedoria era vaidade.

Às vezes não adianta falar.

Mas sempre adianta, fazer penitência, rezar e... chorar.

Aprendamos com S. Mônica a compreender que mesmo quando a vontade de Deus e a nossa são a mesma, nem sempre é o mesmo o tempo de Deus e o nosso. E perseveremos. Deus não deixará perder os filhos de nossas lágrimas.


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