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No Santo Evangelho de hoje, após contar várias parábolas, Jesus parte do lugar em que estava. 
Algo comum nos Evangelhos é vermos o Senhor como um pregador itinerante que não se detém em parte alguma nem em alguma circunstância. O Senhor se põe acima dos lugares, dos sucessos ou fracassos que acontecem durante a sua pregação. 
O inicial sucesso não o prende, nem o fracasso ou os riscos o afastam.
Itinerante. Peregrino.
Não deveria ser essa a nossa condição?
Mas esses três mesmos elementos: lugar, sucesso e fracasso costumam ser tão importantes em nossas considerações...
Atamo-nos a lugares: aquela paróquia, aquele grupo, aquela pastoral ou movimento, quando o Senhor nos quer dar, ou melhor, nos deu uma missão universal. Se nós fôssemos os Apóstolos não teríamos saído de Jerusalém... e encontraríamos uma ladainha de razões para justificar a nossa inércia. Desse modo, a figura de um S. Paulo que chega num lugar, evangeliza, funda a comunidade e vai para outro lugar se torna para nós quase que um escândalo.
Atamo-nos ao sucesso: temos a idéia que "time que está ganhando não se mexe" e assim agimos como se tivéssemos descoberto a fórmula mágica da evangelização. Mas a ideia paralisante do sucesso, ou seja, ou sucesso que não nos lança para a frente, ainda que tenhamos o risco de que ele não se repita, faz com que as águas da evangelização se represem, deixem de correr. E o que acontece com água parada? De início temos uma "piscininha" mas que logo se transformará num charco podre, porque as águas não se renovaram.
A tentação do sucesso nos leva a querer que tudo sempre se renove, mas agindo sempre do mesmo modo. Caímos na tentação "Glória ao Pai", isto é, de agir: "como era no princípio, agora e sempre e pelos séculos dos séculos!".
Atamo-nos ao fracasso por orgulho. Perdemos o espírito esportivo que deve fazer com que dificuldades se tornem novas metas a serem superadas. O medo de que algo não saia como o esperado nos leva a não fazer nada do que Deus esperava.
Queridos amigos, hoje o Senhor nos chama a olharmos para nossos pés. 
Se estão calejados, cansados.
Se são pés de peregrinos ou de senhoritos.
Que o Senhor nos ensine a partir de nossas comodidades, de nossas facilidades e de nossos medos para seguirmos o caminho d'Ele, nossos pés em suas pegadas.

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