MISERICÓRDIA


"Quero misericórdia e não o sacrifício!", assim cita Nosso Senhor hoje não apenas o Profeta Oséias, mas um versículo que, vez por outra volta no Antigo Testamento, ainda que com palavras diferentes. Mas necessitamos compreender o que é misericórdia e o que é sacrifício nesse contexto.
De forma muito resumida, misericórdia refere-se às atitudes interiores e o sacrifício às realidades exteriores. Não há contraposição entre ambas, mas necessária complementaridade. Ou seja, o Senhor não manda escolher entre uma coisa ou outra, mas recorda que a exterioridade necessita ser apoiada numa interioridade santa, misericordiosa.
Assim, o sacrifício ofertado para alcançar a misericórdia de Deus e ofertado por corações que vivem antes essa misericórdia entre os iguais.
O perdão, nem sempre fácil, às vezes aparentemente impossível, não nos é um conselho, mas uma exigência do Senhor, para que continuemos a nossa união com Ele e para que nossos sacrifícios lhe sejam agradáveis.
Muito mais perdoa-nos o Senhor diariamente, porque a menor ofensa feita contra Deus é incomparavelmente maior que a a mais grave ofensa cometida contra outro ser humano, uma vez que os homens estão no mesmo nível de criaturas, enquanto Deus é infinitamente superior, como Criador.
Mas não é apenas essa matemática que conta. Há também o amor.
A ofensa é muito mais grave quanto mais me ama aquele que ofendo. Assim um xingamento contra a mãe é muito mais grave que o mesmo a um colega de futebol.
E quem mais nos ama, senão Deus?
Por isso, nossas ofensas são mais graves porque não se tratam do descumprimento de um código de regras, mas de uma ofensa ao Santo Amor de Deus. Com o agravante de que Cristo derramou seu Sangue na Cruz pelos nossos pecados, pelos nossos crimes. Assim, ao pecarmos, pisoteamos o lagar bendito desse precioso Sangue, cuspimos-Lhe, desprezamos o preço de nossa redenção.
Por isso, só é misericordioso quem se reconhece antes "misericordiado". Só é capaz de perdoar aquele que reconhecer que "devia mais".
Queridos amigos, talvez seja o perdão a exigência mais difícil do Evangelho, ou, pelo menos, aquela que mais desafia a maioria de nós. Não existe escola de perdão. Mas existe escola de amor.
O perdão é, verdadeiramente a outra face da moeda do amor.
É o caminho mais rápido e mais seguro de imitação de Cristo, uma vez que precisamos nos rebaixar e nos esvaziarmos tal como, segundo o Apóstolo aos Filipenses, fez Cristo na Cruz. Não existe, já disse, escola de perdão. Essa matéria se aprende na escola do amor. E os bancos dessa escola foram feitos com a madeira da cruz.
Queridos irmãos, querer perdoar é o primeiro passo.
Peçamos ao Senhor que nos ajude ao menos nisso.
O Senhor exige de nós o perdão, "não porque ache que foi pouco o que nos fizeram", ele "não está do lado dos outros", está ao nosso lado e sabe que mais mal nos fará não perdoar do que o próprio mal feito pelos outros contra nós.
Esse mês de julho é o mês do Precioso Sangue, peçamos que o preço do nosso perdão nos ajude a perdoar também quem nos tenha ofendido.

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