GUERRA

Santo Henrique e sua esposa, Santa Cunegundes, seguram uma Igreja como símbolo das muitíssimas que construíram, ampliaram ou dotaram de dignos materiais para o Culto Divino.

Já há alguns anos, a divindade de Nosso Senhor tenta ser ofuscada pela consideração de Cristo como um grande líder, um mestre dentre outros mestres, um profeta dentre outros profetas. Um homem cuja mensagem se resumiria à paz e amor. Um pacifista.
Quanto mais esse falso cristo nos é familiar, tanto mais as palavras que o verdadeiro Cristo nos dirige no Santo Evangelho de hoje nos chocam, e temos a tentação de buscar a interpretação mais amena, ainda que seja igualmente a mais mentirosa.
O Senhor nos chama à batalha e apresenta-Se a Si mesmo como aquele que traz a guerra, aqu'Ele por causa de Quem haverá divisão e... morte.
Justamente por isso, é importante estar apegado à própria vida como alguém que se lança em batalha. Aquele que se lança em batalha está preparado para tudo, até mesmo para morrer pelo ideal que o fez lutar.
A Igreja conta na sua história com valorosos guerreiros e chegou a ter realmente ordens militares nas quais os homens eram ao mesmo tempo religiosos e guerreiros. Dentre elas, muita curiosidade e lendas suscitam os templários. Na verdade, pouco sobrou do que se possa realmente afirmar sobre eles, e as graves acusações que levaram à sua dissolução também não parecem ter sido reais nem motivadas por um verdadeiro espírito cristão.
Mas há duas coisas sobre essa Ordem que gostaria de pôr hoje como ideal de nossa luta, como soldados de Cristo, que todos nos tornamos pela Crisma:
Uma das representações mais comuns aos templários era a de dois homens montados sobre o mesmo cavalo. O ideal de verdadeira fraternidade cristã (não essa idéia gelatinosa de fraternidade que vemos hoje) onde ninguém combate sozinho, onde se sabe por experiência que o irmão ajudado pelo irmão é como cidade fortificada. Devemos aprender a lutar juntos. A grande arma diabólica nesse tempo de prova que passa a Igreja é dividir os bons soldados que acabam por combater uns contra os outros, fazendo rir o inimigo.
A segunda seria talvez até um dos votos daquela ordem de cavalaria: não recuar.
Ainda que fossem minoria, ainda que estivessem em desvantagem, ainda que a derrota fosse muito mais provável que a vitória, um cavaleiro não recuaria. É melhor morrer lutando do que viver fugindo.
Queridos amigos, que esses ideais tão elevados de um tempo em que todos se abrigavam à sombra da Igreja possam ser também nossos, nesses tempos mais difíceis e por isso mais urgente de verdadeiros cavaleiros (e por que não amazonas?) de Cristo.
Um último pensamento referente ao Santo que hoje celebramos: Santo Henrique, imperador.
Sim, é possível ser um governante e ser um santo. Como? Tendo por verdadeiro Rei a Cristo, também na sociedade; fazendo suas as Leis d'Ele; orientando as próprias riquezas para o culto divino, crendo que ao separar-se delas, adquire-se muito mais no céu. E, maridos atenção, ouvindo sua mulher! Pelo menos nesse caso isso ajudou muito, pois sua esposa era Santa Cunegundes, não se sintam obrigados a batizar suas filhas com esse nome, mas que é uma grande santa, isso é!
Assim ele e sua esposa viveram.
Construiu mosteiros, fundou bispados e enriqueceu as Igrejas com os mais dignos materiais para o culto divino. Sua santidade não foi abstrata, mas real, como a de um autêntico santo. Peçamos ao Senhor que como soldados que combatem livres, saibamos ofertar mais generosamente para o Seu culto aquilo que d'Ele mesmo recebemos.

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