ÁGUA

Celebramos hoje a memória de Santa Marta, hospedeira do Senhor.
Talvez sua imagem não nos seja tão familiar, e consequentemente o ensino que a imagem traz nos pode ser desconhecido.
O que, tradicionalmente, nos traz a imagem de Santa Marta? Uma caldeirinha, um hissopo (aquele instrumento que serve para aspergir água benta) e um dragão.
Conta-se que a primeira grande perseguição que sofreram os cristãos foi ainda mais violenta contra aqueles que foram mais próximos de Nosso Senhor, obrigando-os a deixar a Terra Santa. Assim aconteceu com os Apóstolos, à exceção de São Tiago Maior que foi decapitado e cujo corpo foi transladado até a Espanha que tinha evangelizado. Mas também os amigos do Senhor foram perseguidos, especialmente os seus três hospedeiros: Marta, Maria e Lázaro.
A Providência os levou à terras que hoje são a França e os três irmãos anunciaram lá o Evangelho de Nosso Senhor.
Certa vez, Santa Marta passava por um povoado constantemente atacado por um dragão. Ao deparar-se com o feroz animal, aspergiu-lhe água benta e o trouxe cativo até a cidade onde o povo exterminou seu inimigo. E assim, a Santa fez com que compreendessem melhor o Santo Evangelho que anunciava, mas também ensinava-lhes que uma simples água, tendo recebido a Bênção do Senhor, era um instrumento poderoso contra as tramas do mal.
Queridos amigos, somos tentados a pensar que se trate de uma lenda, de uma história piedosa de um povo ignorante... Fomos educados, às vezes na própria Igreja, a considerar que todos os que vieram antes de nós eram como bárbaros, mas nós, ao contrário, somos os esclarecidos e entendidos...
Que mal faz isso a nossas almas!
Talvez vivamos o ápice disso vendo nas Igrejas a água benta substituída pelo álcool em gel.
Não se trata de questionar a eventual utilidade desse último diante de germes e bactérias, mas da restrição dos horizontes, onde a preocupação de salvar almas se tornou em salvar "pessoas", para depois salvar o "mundo", e, no final todos, se perdem.
Queridos amigos, precisamos retornar a esses costumes tão simples e, por isso tão eficazes que recebemos de nossos antepassados, dentre eles o uso constante da água benta.
Santa Teresa de Ávila dizia que nada odeia mais o demônio do que essa água bendita, porque ele, um serafim do mais alto grau, rejeitou aquela bênção que paira sobre o mais simples dos elementos naturais e que o recorda de sua negação de Deus.
Aconselho o uso da água benta especialmente em três momentos:
Ao entrarmos ou sairmos de casa, pedindo ao Senhor que nos proteja e nos livre de todos os males, especialmente aqueles espirituais.
Ao sermos tentados, seja qual for a tentação, para que, recordando as promessas de nosso batismo, renunciemos uma vez mais a satanás, suas obras e seduções.
Ao dormir, aspergindo sobre nossos leitos. Assim a água santa nos protegerá contra tentações que podem advir nos momentos que precedem nosso sono, como também será, especialmente aos casais, um lembrete da santidade de seu leito conjugal.
Queridos amigos, "Eis a água bendita, seja para nós salvação e vida!", que essa pequena oração seja repetida muitas vezes por nós, para que sejamos sempre vencedores, como o foi esta santa que hoje recordamos.


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