VINDE

Basílica do Sagrado Coração em Montmartre, Paris
Há em Paris um monte que ficou conhecido como Monte do Mártir, Montmartre, porque ali foi degolado S. Dionísio e dali caminhou carregando a própria cabeça por seis quilômetros, pregando sobre a necessidade de que os pagãos se convertessem, até chegar ao lugar de sua sepultura.
Ali, no século XIX, foi levantada uma das mais belas igrejas do mundo, o Sacre-Coeur, o Sagrado Coração de Montmartre.
No Altar principal há um belíssimo mosaico que representa a Nosso Senhor de braços abertos rodeados pela Virgem Maria, Santos, Bispos e Papas que lhe apresentam a Igreja erigida em sua honra, como um modo de reparar as blasfêmias e pecados cometidos a partir da Revolução Francesa.
O Senhor de braços abertos...
Vinde.
Dentre os modos que a iconografia sagrada têm de representar o Sagrado Coração, devo dizer que este é o que mais me comove. Um Deus que de braços abertos nos mostra seu coração. Seus braços abertos para nós. Seu coração ferido por nossos crimes, como rezamos na Ladainha.
Ao ver os braços abertos e o coração flamejante, recordo-me do poeta baiano Gregório de Matos:
"A vós correndo vou braços sagrados (...)
que para receber-me estais abertos
e por não castigar-me estais atados".
Irmãos, uma grande diferença do cristianismo para as outras religiões é que não fomos nós a buscar a um deus, mas foi Deus que veio nos buscar. Buscar-nos como ovelhas perdidas, como dracmas preciosas ocultas, como filhos que quiseram viver sem Ele, embora Ele não "consiga viver" sem nós.
O Coração de Jesus...
Não são apenas essas palavras um consolo para nossas almas?
Não parece que nelas ressoa algo de musical?
Uma música que nos atrai e que nos dá força no meio dos cansaços de nossa pobre existência.
Vinde!
E como nos chama Nosso Senhor?
Cansados, fatigados, aflitos.
Ele não nos quer "bem".
Ele nos quer.
Ou seja, para a maioria das pessoas não poderíamos nos apresentar como realmente estamos, precisamos estar ou parecer estar bem.
Quando nos perguntam como vamos, geralmente não estão interessados realmente na resposta, é algo que se faz por educação.
Mas no Coração amabilíssimo de Nosso Redentor muito mais do que educação, superabunda a paixão.
Não espera de nós grandes coisas, quer-nos.
Estropiados, cansados e fatigados pelos pesos que nós mesmos nos impusemos.
E nos oferece em troca o seu fardo suave, o seu peso leve.
Durante essa vida, sempre teremos algo a carregar: o peso de nossos pecados ou a leveza do jugo do Senhor.
O que escolhes?
Estás certo disso?
Então...
Vinde!

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