TU

S. Pedro e S. João diante do paralítico
No Santo Evangelho de hoje, S. Pedro dirige a Nosso Senhor uma pergunta sobre S. João. Mas, Nosso Senhor, responde-lhe com um "Que te importa?", ou seja, os desígnios de Nosso Senhor sobre S. João eram um segredo entre os dois, que naquela circunstância não diziam respeito a Pedro. Pedro deveria ocupar-se com os desígnios que o Senhor acabara de manifestar sobre ele: "Tu, segue-me!".
Nem sempre nossa preocupação com os outros é por verdadeira caridade, mas também pode ser motivada por três razões negativas: a curiosidade, a inveja e a justificativa para não nos ocuparmos conosco mesmos.
A curiosidade, querer saber a vida do outro, é algo tão arraigado em nós que é mais fácil direcionar para o bem do que extirpar completamente. O desejo de conhecer detalhes e segredos da vida alheia já rendeu muitas riquezas para revistas e programas de TV. Sendo apenas um saber por saber, um saciar as curiosidades, nada mais. Diante disso, a Mãe Igreja nos diz assim: "Ei, meu filho! Já que vc gosta de saber da vida dos outros, vou te oferecer milhares de vidas para você conhecer, na esperança de que você não só "fique sabendo", mas realmente conheça, e, quem sabe, deseje imitar essas vidas." E oferece-nos a vida dos Santos.
Ainda assim, corremos o risco de "perder o foco" e ao invés de buscarmos na vida dos santos o nosso caminho particular de santidade, caímos em questões sem importância, ou justificamos nossos defeitos em um ou outro defeito que um santo tinha...
A inveja, extremamente unida à curiosidade, é a tristeza por vermos no outro o que falta em nós. É o segundo pecado na bíblia. Adão e Eva quiseram ser como Deus: primeiro pecado; Caim inveja Abel: segundo pecado. Olhamos para a vida do outro já com um olhar de revolta, por julgarmos que é indigno do que possa ter de bom, e que nós e que merecíamos os seus bens. Isso se torna ainda pior quando invejamos os bens espirituais do próximo.
O olhar para o outro, pode ser por fim, uma tentativa de não olharmos para nós mesmos. De nos preocuparmos com o cisco alheio, deixando enterrada em nossa vista a trave. Justificamos isso chamando de caridade ou mesmo de apostolado, mas esquecemos de que o Senhor nos ensinou que ninguém pode dar o que antes não possuir.
A santidade exige de nós uma sadia atenção sobre nós mesmos.
Tal como na vida material eu não posso salvar um afogado se eu mesmo não souber nadar, eu não poderia ajudar os outros a ser santos se eu mesmo não o for. E, usando o exemplo acima, eu preciso reconhecer que, em certas ocasiões, eu preciso até me afastar de alguém para não sermos os dois a morrermos afogados.
Olhar para si.
Não muito.
Mas olhar.
Não muito porque se formos sinceros cairemos no desespero, e se formos orgulhosos cairemos na presunção, ou seja, dois pecados contra o Espírito Santo.
Ao nos reconhecermos vazios de todo o bem, ao invés de cairmos no desespero peçamos à Virgem que nos encha com os dons do Espírito Santo que adornam sua alma santíssima. Estamos vazios para sermos preenchidos!
E, se por uma imensa misericórdia de Deus, reconhecermos em nós algo bom, com a Virgem atribuamos à glória ao Senhor dizendo que Ele é que faz em nós maravilhas.

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