PECADOS

Na última ceia Nosso Senhor refere-se ao Espírito Santo como aquele que manterá viva no coração dos Apóstolos a recordação de Suas Palavras, será Ele o outro Paráclito, será o Espírito da Verdade... E, de fato, o Espírito Santo é tudo isso e muito mais.
Mas, ao dar o Espírito Santo com seu hálito divino na manhã da Páscoa, Nosso Senhor define, de certo modo, a ação fundamental do Divino Espírito Santo: o perdão dos pecados. Ele dá o Espírito Santo para que possam os Apóstolos, malgrado suas próprias debilidades, serem capazes de perdoar os pecados. Ao anunciar o perdão dos pecados do paralítico, Nosso Senhor arranca dos fariseus uma verdade fundamental: "Ninguém pode perdoar os pecados, a não ser Deus".
Jesus não torna os Apóstolos deuses, continuarão homens nos quais o Espírito Divino terá muito que trabalhar. Mas, pelo mesmo Espírito que os santificará, dá-lhes o poder divino de perdoar os pecados. O Espirito Santo une o "eu" de cada Apóstolo ao "Eu" de Jesus a tal ponto que eles, poderão dizer: "eu te absolvo", "eu te batizo", "é o meu corpo"... não como um alívio psicológico ou como um piedoso desejo, mas como uma realidade objetiva.
"Para remissão dos pecados..."
Podemos distinguir três dons pascais primordiais: a Eucaristia, o Espírito Santo e Maria.
A Eucaristia é a renovação sobre os altares até que o Senhor retorne, do mesmo Sacrifício que Ele ofereceu ao Padre Eterno sobre a cruz. É o Seu Corpo entregue por nós, é o Seu Sangue derramado para a remissão dos pecados.
O Espírito entregue é soprado sobre Seu lado a ser aberto para que nasça a Igreja na cruz, e sobre os Apóstolos para que nasça o perdão na manhã da Ressurreição. Assim, o perdão conquistado na cruz, comprado pelo preço de Seu Sangue Divino, pode tocar os fiéis, pode ser-lhes ministrado no Sacramento do Perdão.
E Maria é o testamento de Cristo. É a Mãe que ampara a Igreja nascente. É aquela única que conhece o Espírito Santo, e a única que Ele conhece. É quem o poderá trazer sobre os Apóstolos por sua oração. É a esposa que é glória do esposo, como diz o Salmo. É aquela que O possibilitou ser fecundo na anunciação e no pentecostes onde n'Ela são gerados a Cabeça e os Membros do Corpo de Cristo que é a Igreja. Naturalmente, a Mãe da Igreja será, necessariamente, refúgio dos pecadores, porque não haverá nenhum membro desse corpo que não possa ser chamado assim.
Queridos amigos, o pecado é a única coisa capaz de afastar-nos de Deus. Ao mesmo tempo é um desprezo a todo o sacrifício de Cristo e aos seus dons pascais. É o viver na morte, quando o Senhor já nos conquistou a vida.
O Espírito foi dado à Igreja não porque sejamos dignos, mas justamente porque não o somos.
Não nos é dado como prêmio, mas como remédio.
Nos é dado para que nossa miséria receba a Misericórdia.
Por isso, agindo em todos os Sacramentos, a sua Presença é ainda mais forte no Sacramento da Confissão. A devoção ao Espírito Santo não seria autêntica sem uma devoção profundíssima pelo Sacramento da Penitência para o qual Ele foi particularmente enviado.
Talvez nesses tempos não nos seja fácil viver esse sacramento, mas sempre encontraremos um padrezinho que, talvez escondido, esteja disposto a nos ministrar o Divino Espírito Santo para a remissão de nossos pecados. O Sacramento da Confissão é, de certo modo, o nosso lugar comum. É para onde vamos para deixar o pecado e crescer na graça.
Que o Senhor nos conceda viver esse Sacramento com piedade, devoção e realmente com o desejo de viver em nós a Vida do Senhor.

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