ESSENCIAL

Nesse III Domingo da Páscoa, as Santas Leituras que ouvimos fazem para nós um arco onde nas extremidades estão exatamente o primeiro e o último dia do tempo pascal, só que de forma inversa: na primeira leitura ouvimos o sermão de Pedro no dia Pentecostes e no Evangelho fomos conduzidos à tarde do dia mesmo da Páscoa e o Senhor que se faz peregrino com os discípulos de Emaús aproveitando a ocasião da tristeza e confusão desses discípulos para lhes fazer o coração arder à medida em que também lhes dirige um sermão, explicando as Escrituras.
Em ambos os casos, há uma centralidade do sermão: Cristo devia morrer, e uma vez morto, ressuscitar, o que poderíamos dizer de forma mais resumida: Cristo morto e ressuscitado.
Esse é o núcleo essencial da nossa fé, a base onde está ancorada a nossa esperançam e o motor de toda a nossa caridade. Essa verdade essencial do ser cristão traz por conseqüência todas as outras, e sem ela nenhuma faz sentido.
Nós, como o Cristo no caminho de Emaús, como Pedro na manhã de Pentecostes, precisamos anunciar com mais vigor essa verdade: Cristo, Deus feito homem, morreu para nos reconciliar com o Pai e por sua Ressurreição nos livrou da morte eterna.
Sempre no mandato missionário de nosso Senhor aparece a expressão "ensinai". 
Ensinai o quê? Isso: o Cristo morto e ressuscitado e tudo o que decorre dessa altíssima verdade.
Todavia, em muitos casos, deu-se essa verdade como já compreendida, ou mesmo como algo que pudesse ser discutido e entendido de outros modos que não o mais literal.
Com isso fala-se de uma morte fruto de perseguições políticas, de uma salvação não da alma, mas da pessoa, de uma ressurreição da mensagem, não tanto do Cristo mesmo, de uma Eucaristia que é mais partilha e reunião de pessoas, de uma fé livre de exigências e até mesmo de conseqüências lógicas... e vai-se tentando diluir na água do relativismo a rocha firme da fé da Igreja.
Hoje temos missionários que não evangelizam, fiéis que não fazem apostolado com seus amigos, colegas e parentes, afinal, cada um segue o que for a "sua" verdade, de tantas que no final acabam por ser nenhuma.
Para o fiel só há uma verdade: Cristo morto e ressuscitado.
Peçamos à Santíssima Virgem que sejamos nós esse punhado de homens e mulheres escolhidos que anunciem e ensinem ao mundo o Reino de Maria, para que através dela, como sempre foi, possa Cristo morto e ressuscitado reinar em cada alma.

Comentários