PERDOA!

Perdoa, Senhor, perdoa o teu povo: não fiques eternamente irritado conosco.

É isso que diz essa antiquíssima antífona penitencial da Igreja. 
Sempre necessitamos do perdão de Deus, e como Igreja somos sempre chamados à conversão.
Para isso existem os tempos litúrgicos, especialmente a quaresma, na qual somos chamados a reconhecer que somos pó e cinza e que muito pecamos, por isso precisamos da misericórdia do Senhor. Deus não se irrita conosco. Aquele que é Amor poderia irritar-Se? Não!
Não está irritado o Pai que espera na soleira da casa o filho que saiu.
Mas era como o povo de Israel compreendia os momentos difíceis, impossíveis pelos quais passavam.
Mesmo a Virgem Maria em suas aparições quando fala de "castigos" de Deus, sempre se refere de coisas que virão através da maldade das pessoas, nunca de Deus.
Mas estamos realmente convencidos disso?
Talvez não.
Deus não pode desejar o mal. A onipotência de Deus nesse sentido é relativa. Deus pode tudo o que é bom. Se Deus pudesse desejar ou fazer o mal, seria imperfeito e consequentemente não seria Deus. Mas há fatos na história que não podemos considerar como uma vontade de Deus querida, mas permitida, tolerada. E só foi permitida e tolerada por Deus, porque dali Ele tirará um bem maior.
Essa visão fica mais clara, quanto mais passa o tempo.
Faça uma coisa: pegue seu celular, computador etc e coloque o seu rosto na tela.
Feito isso, leia o que está escrito.
Não consegue, não é mesmo?
Mas se afastar um pouco... conseguirá ver, ler e compreender.
Assim é a nossa história, não só a minha pessoal, mas a de todas as pessoas.
Lembram de José? Filho de Jacó... o sonhador... Seus irmãos decidem matá-lo, depois decidem jogá-lo numa cisterna até que morresse de fome, e depois tiveram a ideia de vendê-lo como escravo.
Coisa terrível!
Mas com o passar do tempo, o povo de Israel já não dá mais tanta importância a todo esse horror, ao contrário: reconhece que Deus estava enviando José para o Egito para preparar um caminho de salvação para o povo eleito.
É assim a história.
É assim a vida.
Deus enviou o coronavírus para matar os velhinhos? Claro que não!
Qual a origem dessa doença? Por que ela veio? 
Não sei. Ninguém saberá. E, honestamente, nem importa tanto.
Essa doença é algo que temos que passar agora.
As restrições, os receios, os medos... Tantos porquês...
Mas olhemos para Maria, nossa Mãe, e aprendamos com Ela a perguntar não porque, mas como.
Essa é a pergunta de Maria Santíssima ao Anjo: "Como acontecerá isso?" Maria nunca perguntou porquê. Na maior parte das vezes o porquê não importa, mas importa o como, ou, se preferirem, o para quê.
Não sei quanto a vocês, mas como não sei o dia de amanhã, pergunto a Deus como viver esse hoje.
E vivendo esse hoje, com a cara no computador, não consigo ver muito, nem entender nada.
Mas sei que minha vida não só é breve como é frágil.
Sei que se não puder confessar-me, posso não acumular mais pecados.
Se não conseguir ir à Missa, posso lembrar daquele culto em espírito e verdade que ouvi, de repente, na última missa que fui e ter mais fome do céu.
E rezar.
Rezar muito. Para que acabe logo. Para que quem sofre tenha conforto. Para que os que morrem vão para o céu. 
E seguir.
Porque vai seguir.
E um dia, nós ou nossos netos, com a cara bem longe da tela, enxergarão o que hoje não conseguimos enxergar.

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