O TEU TESOURO

Certa vez, um padre muito devoto, recém-empossado numa paróquia, foi visitar as Capelas da Paróquia. Nas visitas ele percebeu que os sacrários eram geralmente de fórmica, com uma chavezinha mixuruca, e que as portas e janelas das capelas não tinham nenhuma proteção, com um pouco de força qualquer um abria. A isso se somavam uns dois casos de profanação que ele soube tão logo tomou posse.
Refletindo, o padre tomou a decisão de retirar o Santíssimo Sacramento das Capelas, até que elas pudessem oferecer segurança e dignidade ao Sacramento. Levou essa decisão aos "conselhos" das Capelas que disseram: "Sim, padre! Tudo o que o senhor decidir é o melhor".
Passaram alguns meses e o padre foi tomando ciência das finanças das Capelas, percebeu que em algumas a esposa era a coordenadora, o marido o tesoureiro, o genro o segundo tesoureiro e a filha a assistente para assuntos econômicos. E diante desse nepotismo laical, também aconteceram alguns casos de sumiço de dinheiro.
O padre reuniu os conselhos e apresentou a sua decisão de que todo o dinheiro deveria ser imediatamente remetido à matriz, para concentrar um caixa único para todos os pagamentos comuns e eventuais obras. E o povo destruiu a vida do padre.
Nesses tempos de epidemia, de uma hora para a outra alguns clérigos viraram infectologistas e definiram por exemplo que a comunhão recebida na boca se torna um risco quase fatal. Mas... ninguém diz nada sobre o dinheiro da coleta.
Ora, se o fiel souber comungar, e o padre souber dar a comunhão, não há nenhum contato entre a sua mão e a boca do fiel. Já a comunhão na mão traz muitas vezes esse contato entre as mãos do padre e do fiel, e o fiel, não deixou de pôr a mão em algum dinheirinho no ofertório. Foi esse dinheiro desinfetado com Álcool em gel? Unida à cestinha está algum refil de Álcool em gel, ou de lencinho higiênico?
Onde está o teu tesouro...
Queridos amigos quem é nosso tesouro? De verdade!
Que se tenham cuidados, é claro ser necessário. O problema é quando eles se tornam pretextos para manipular ideologicamente o Santíssimo Sacramento. A comunhão na mão é um ponto de conflito, uma vez que num momento foi proibida, depois permitida para alguns lugares e acabou se impondo, sem permissão da Igreja, por todo o mundo. O argumento se apresenta baseado em dois erros: primeiro o que Pio XII chamou de Arqueologismo Litúrgico, ou seja, o fato de que uma prática fosse usada ou mesmo comum na Antiguidade, isso não a torna permitida nos dias de hoje, porque há com um passar do tempo uma compreensão sobre os mistérios que muda também o modo de relacionar-se com eles. Segundo, um argumento de soberba, dizendo que não somos crianças incapazes que precisam receber comida na boca, mas somos adultos e maduros o suficientes para tomarmos nós mesmos o nosso alimento.
Em todo caso, há essa permissão, mas jamais ela pode se tornar uma obrigação, uma ideologização motivada por algo tão grave como um vírus.

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